Com a redução dos casos e óbitos, o Brasil observa uma queda na média móvel, mas especialistas alertam para o potencial risco de uma nova onda, especialmente diante da lentidão na vacinação e da circulação de novas cepas.
Após meses de queda lenta no número de casos e mortes, especialmente a partir de agosto, o Brasil vivenciou uma queda significativa, chegando a uma média móvel de óbitos de 322 em novembro. Contudo, em meio à flexibilização e ao ritmo lento da vacinação, novos alertas começam a surgir, com pesquisadores apontando que o país ainda corre risco de enfrentar uma terceira onda da pandemia.
A segunda onda teve seus picos mais elevados nos meses de março e abril, com média móvel de óbitos ultrapassando os 3 mil mortos em alguns momentos. Desde então, houve uma queda gradual, mas a média de novos casos se manteve estável, com números ainda elevados em torno de 60 mil casos diários nos últimos 20 dias. Além disso, os casos ativos permanecem em torno de 1,2 a 1,4 milhões, sem uma queda expressiva.
O recente boletim da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) destaca que, embora a mortalidade tenha diminuído, o aumento de casos e a queda na vacinação preocupam os especialistas. A escassez de vacinas, que resultou em uma queda de 50% no ritmo da imunização, somada ao possível surgimento de novas variantes do vírus, aumenta os temores de uma nova onda de infecções.
A Fiocruz aponta a necessidade de retomar medidas eficazes de combate à pandemia, como rastreamento de contatos, quarentena, barreiras sanitárias e o reforço no uso de máscaras e medidas de higiene. A vacinação, embora essencial, está em ritmo lento, o que pode prejudicar o controle da disseminação do vírus.
Enquanto a pressão sobre os leitos de UTI diminui, o risco de desassistência e colapso da rede hospitalar não pode ser ignorado, uma vez que novas cepas do vírus podem aumentar a demanda por cuidados intensivos. Além disso, o governo, em vez de adotar uma estratégia de proteção eficiente, segue alimentando um discurso negacionista que dificulta a implementação de ações sanitárias adequadas.
Apesar de uma aparente estabilização, o Brasil ainda enfrenta enormes desafios no controle da pandemia. A questão não é mais saber o que funciona, mas por que as medidas corretas não estão sendo efetivamente aplicadas. A demora em reconhecer a gravidade da situação e agir de forma adequada tem sido um dos maiores obstáculos para a contenção do vírus e a proteção da população. Justiça, verdade e responsabilização sobre os crimes cometidos durante a pandemia ainda são necessárias para garantir um futuro mais seguro para todos.