Bolsonaro para bolsonaristas

Na linha do – você sabia- a CoronaVac é a vacina mais usada no Brasil, são 43 milhões de doses já disponibilizadas para o PNI e, segundo o Ministério da Saúde, corresponde a 75% das vacinas já aplicadas. A CoronaVac é produzida pelo instituto Butantan que tem contrato para a produção de 100 milhões no total, com previsão inicial de entrega integral até setembro de doses

A má notícia é que o Butantan já envasou todo o insumo farmacêutico ativo (IFA) da CoronaVac, ou seja, máquinas paradas por falta de insumos que tem procedência chinesa pelo laboratório Sinovac. Há previsão de que dia 18 deste chega o lote de IFA. São 4 mil litros suficientes para a produção de algo em torno de 6,6 milhões de doses da vacina.

A avaliação de Dimas Covas, responsável pela área no Butantan, é que há atraso no envio e que isso estaria ligado às recentes declarações de Guedes e Bolsonaro associando a China à produção do vírus em laboratório como parte de uma guerra biológica, na fala do presidente, como forma de tirar vantagens econômicas.

Muita gente pondera que a China dificilmente retaliaria dessa forma, o que tendo a concordar, mas é possível imaginar que se existe uma decisão ou procedimento a ser feito, por exemplo, se só tem uma vaga para completar a carga de um navio e tiver dois países, um amigo e outro que me ataca, de quem será a carga embarcada?

Por outro lado, é difícil acreditar que Guedes e Bolsonaro imaginem que esse tipo de declaração ajude em algo, ou ao menos que não teria consequências. Penso que sabiam que o objetivo número um era o de tentar reagrupar o bolsonarismo em torno do líder. As hordas, cada vez mais descrentes de que o mito é para valer (contradição em termos…), sentem falta de seus sinais, de suas bestialidades com as quais se identificam profundamente.

Mas penso que atrapalhar a vacinação também faz parte da intencionalidade. Afinal, essa vem sendo a política oficial (só não vê quem não quer) desde o início. Ainda está em curso a imunidade de rebanho como pseudotese científica.

Isso também reorganiza a subjetividade bolsonarista que fareja que a vacina é um erro, que cloroquina é melhor e que o líder está falando de vacina, na verdade seu boneco de ventríloquo, Queiroga, é quem fala, como uma tática, para enganar enquanto acumula forças para o golpe final que foram clamar no último sábado (1 de maio).

O golpe, tudo indica, não vem, ao menos o autogolpe que entronize Bolsonaro, mas sua grande obra se consolida. Falo da sua sanha homicida que aproveitou tão bem a pandemia, como ninguém no mundo, espalhando morte, terror e desamparo. Tudo que muitos de nós já sabíamos e reconhecíamos nas falas do obscuro deputado das hostes do baixíssimo clero da Câmara Federal. “Tinha que matar uns 30 mil”, falava Bolsonaro da guerra civil com que ele sonhava.

Pois bem, já são quase 420 mil no total, número somente menor que o dos EUA. Proporcionalmente à população, somos o país com mais mortes por Covid-19 entre os mais populosos do mundo, conforme dados do “Our World in Data”. São 1.980 mortes por milhão, o pior desempenho do planeta se considerarmos os 14 países com mais de 100 milhões de habitantes.

Mas podemos baixar bastante o critério populacional. Considerando os 76 países com população acima de 12 milhões de habitantes, o Brasil ainda assim fica com o segundo pior desempenho, a frente apenas da Itália, mas, os dados indicam, devendo ultrapassá-la até o final de maio. Itália, 2.022; Brasil, 1.980; Reino Unido, 1.887; Estados Unidos, 1.750 México 1.691; Rússia 754.

Verifica-se queda na média móvel de mortes, mas estabilidade com pequeno aumento da média móvel de novos casos. O total de casos ativos segue muito alto.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 2.217
Total de mortes: 419.393
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.158
Casos confirmados em 24 horas: 78.337
Casos acumulados na pandemia: 15.087.360
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 60.200
Casos ativos: 1,300 milhão
Em (*) 110 dias de campanha, pessoas vacinadas: 34,900 milhões (16,48% da pop.)
Em segunda dose, 91 dias: 17,600 milhões de imunizados (8,31% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 158milhões
Óbitos: 3.289.300
1º – E U A: 594,9 mil
2º – Brasil: 419,4 mil
3º – Índia: 238,3 mil
4º – México: 218,2 mil
5º – Reino Unido: 127,8 mil
6º – Itália: 122,2 mil
7º – Rússia: 112,6 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

Rogério Giannini

07 de maio de 2021

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