Uma análise sobre o uso da farda e da autoridade como símbolos de intimidação e o poder da resistência democrática.
A cena de figuras em fardas imponentes, com medalhas e estrelinhas brilhando, representa mais do que uma simples demonstração de poder. Ao contrário, ela carrega uma mensagem subliminar, um recado ao inconsciente coletivo de que a autoridade ali presente exige subordinação e silêncio. A intenção é clara: o medo é uma ferramenta de controle. A presença de uma farda, muitas vezes associada ao autoritarismo e à repressão, desperta memórias históricas de tempos sombrios em que a opressão e a tortura eram formas de manter a ordem. Contudo, o medo imposto pela farda é muito diferente do respeito que se constrói com atitudes e ações genuínas.
Em tempos de autoritarismo e ditadura, uma farda podia ser o símbolo de uma força imbatível, que intimidava os cidadãos e impunha silêncio diante da violência institucionalizada. Contudo, os tempos mudaram, e a verdadeira autoridade não pode ser imposta com ameaças ou pela simples exibição de poder. Mesmo as figuras mais imponentes podem perder o efeito se não houver um conteúdo que justifique essa postura. O poder de um regime não reside apenas em sua capacidade de impor medo, mas na capacidade de prestar contas e se manter transparente e responsável diante da sociedade.
O uso de fardas como uma estratégia de intimidação soa vazia e contraproducente. O que se espera de uma autoridade em uma democracia é a prestação de contas e a disposição para a autocrítica, especialmente em tempos em que a sociedade está cada vez mais atenta às questões políticas e sociais. Quando a farda é usada para acentuar o medo, em vez de promover o diálogo, ela perde sua função legítima e se torna um símbolo de fragilidade.
Como sociedade, é essencial lembrar que a verdadeira autoridade não se baseia no controle, mas na capacidade de respeitar a liberdade e os direitos dos cidadãos. Quem realmente tem confiança nas suas ações e nas suas escolhas não precisa intimidar. Ao contrário, a verdadeira força está em demonstrar abertura ao questionamento e em admitir que, em um Estado Democrático, todos devem prestar contas das suas ações.
A resistência, portanto, não vem apenas da luta contra o autoritarismo, mas da certeza de que, em um regime democrático, a voz do povo deve ser ouvida, e a autoridade deve se basear na transparência, na honestidade e na responsabilidade. Para aqueles que não devem, não há razão para temer, e quem se sente seguro em suas convicções deve ser capaz de se manter calmo, sem precisar recorrer à intimidação.
Por isso, em tempos de crescente autoritarismo, a verdadeira força vem da clareza do propósito e da confiança nas próprias ações. O suquinho de maracujá pode ser simbólico dessa serenidade que desafia o medo e a pressão, lembrando que, quem não tem a intenção de oprimir, nunca treme diante da verdade.