A Gestão de Mandetta na Pandemia e Seus Efeitos Duradouros

Reflexões sobre os erros estratégicos e os impactos das escolhas feitas no enfrentamento da Covid-19.

A gestão de Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde durante a pandemia de Covid-19 é alvo de muitas críticas, que vão desde a sua postura ambígua em relação ao governo Bolsonaro até suas escolhas em políticas públicas e de saúde. Embora tenha cumprido um papel importante ao ser um dos principais alvos da CPI que investigou o negacionismo e a condução errada do governo federal na crise sanitária, a atuação de Mandetta não foi isenta de falhas. Sua política hospitalocêntrica, a falta de ênfase na atenção básica e a negligência com o aumento da testagem são apenas alguns exemplos de um conjunto de decisões questionáveis.

Mandetta foi um defensor do Sistema Único de Saúde (SUS), mas sua gestão não se distanciou de práticas privatizantes. Sua ligação com o setor de planos de saúde é bem documentada, e ele não se opôs, por exemplo, à emenda constitucional 95, que limitou o orçamento do SUS e contribuiu para o desmonte do sistema público de saúde. Outro ponto que gera críticas é a expulsão dos médicos cubanos e o fim do programa Mais Médicos, que levou à escassez de profissionais nas áreas mais carentes. Mandetta, ao invés de fortalecer a estrutura do SUS, parece ter adotado uma abordagem mais privatista.

O ex-ministro também foi responsável por decisões que não se mostraram eficazes no controle da pandemia. Um exemplo claro foi a sua tentativa de aplicar um modelo de isolamento seletivo, onde pessoas fora dos grupos de risco poderiam circular livremente. Essa proposta, inspirada no conceito de “isolamento vertical”, defendido por Bolsonaro, é vista como uma das grandes falhas da gestão de Mandetta, pois não levou em conta as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), que defendia o isolamento social e a testagem em massa.

Em meio ao caos que se instalava no Brasil, Mandetta adotou uma postura de conciliação com Bolsonaro, o que acabou se mostrando insuficiente diante das necessidades de uma gestão eficiente da saúde pública. A omissão de Mandetta diante das decisões erráticas de Bolsonaro, como a promoção de aglomerações em pleno auge da pandemia, foi vista como um erro estratégico. Ao não confrontar o presidente e ao ceder em pontos importantes, Mandetta contribuiu para prolongar o sofrimento da população.

Este cenário, que muitos chamam de “mantetismo”, representa uma doença infantil do antibolsonarismo, onde a falta de uma oposição firme e coerente pode ser tão prejudicial quanto o próprio governo Bolsonaro. A escolha de tentar conciliar com um governo que estava tão distante das melhores práticas científicas não trouxe resultados positivos, e as concessões feitas ao longo do caminho só agravaram a situação.

Dados atualizados sobre a Covid-19 no Brasil e no Mundo:

Brasil:

  • Total de mortes: 411.854
  • Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.361
  • Casos confirmados em 24 horas: 69.378
  • Casos acumulados: 14.860.812
  • Pessoas vacinadas (1ª dose): 32,900 milhões (15,54% da população)
  • Pessoas vacinadas (2ª dose): 16,720 milhões (7,90% da população)

Mundo:

  • Casos: 155,5 milhões
  • Óbitos: 3.246.600
  • Top 7 países com mais mortes:
    1. EUA: 592,3 mil
    2. Brasil: 411,9 mil
    3. Índia: 226,2 mil
    4. México: 217,3 mil
    5. Reino Unido: 127,9 mil
    6. Itália: 121,7 mil
    7. Rússia: 111,5 mil

O que se observa é um cenário de falhas na gestão, tanto a nível federal quanto ministerial, e a necessidade de refletir sobre as escolhas feitas e suas consequências. Enquanto o Brasil segue enfrentando os impactos da pandemia, é fundamental que as lições da crise sejam aprendidas para que erros semelhantes não sejam repetidos no futuro.

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