Lentos para fechar, rápidos para flexibilizar

O governo anuncia uma nova revisão no cronograma de entrega de vacinas para o Plano Nacional de Imunização – PNI, mas desta vez para mais. Evidente que é uma boa notícia aumentar 4 milhões de doses previstas para maio (10% do total da Sputnik V, se autorizada a importação). Mas vamos aos dados analisados.

Até agora já são cerca de 47 milhões de pessoas que receberam ao menos uma dose e são perto de 60 milhões de doses que já entraram no PNI. Com as doses de maio, o PNI passará de 94 milhões de doses que, se tudo der certo, deverão ser aplicadas no mês de junho, sempre com o cuidado de manter algum nível de estoque para a segunda dose, mas também para possíveis acidentes, desvios, problemas de armazenamento, logística para chegar e ser aplicada em locais mais longínquos e outras contingências.

Ou seja, o mais provável é que o número de vacinas aplicadas até final de junho fique perto de 80 milhões, o que a rigor são 40 milhões de imunizados com as duas doses previstas. Como os adultos “vacináveis” superam os 150 milhões e como, em tese, a vacina deverá ser estendida para jovens a partir de 14 anos, estamos e estaremos muito longe de uma cobertura vacinal segura.

Essas são projeções até com um certo grau de otimismo, pois temos cenários a ser considerados, como o agravamento da pandemia na Índia que pode resultar em problemas para o cumprimento de contratos afetando o fluxo de insumos para a vacina do Bio-Manguinhos / FIOCRUZ.

Soma-se a isso o fato de que a lentidão da vacinação e a ausência de medidas mais duras de controle da pandemia tem mantido a média de novos casos perto de 60 mil por dia, o que significa maior chance de novas cepas que podem afetar em algum grau a eficácia das vacinas.

Esse risco é muito potencializado pelo “reflexo condicionado” da maioria dos nossos gestores que demoram muito a tomar medidas de controle de circulação, somente com a água no nariz decidem pelo lockdown (muitas vezes nem assim) e rapidamente relaxam frente a pequenas mudanças para melhor dos indicadores, as vezes nem são quedas de fato, mas flutuações estatísticas. Ou, como é comum, dá-se importância para os melhores indicadores, geralmente a taxa de internação e se negligencia outros, como o número de casos ativos.

Vamos testar agora esse movimento pois estamos tendo na maior parte do país melhora de indicadores, mas se mantendo em níveis ainda muito elevados, piores do que quando se tomaram as decisões de maior aperto no isolamento. Mesmo assim o que mais se anuncia são flexibilizações “controladas”, fases intermediárias e coisas nesse rumo.

O mais provável, infelizmente, é que tenhamos novo período de piora da pandemia. Sem vacinação acelerada e com novas cepas que atingem pessoas mais jovens, não duvidaria de novos recordes nefastos.

 NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 2.278
Total de mortes: 406.565
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.422
Casos confirmados em 24 horas: 59.528
Casos acumulados na pandemia: 14.725.490
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 59.725
Casos ativos: 1,300 milhão
Em (*) 105 dias de campanha, pessoas vacinadas: 31,700 milhões (14,97% da pop.)
Em segunda dose, 86 dias: 15,809 milhões de imunizados (7,47% da pop.)

 NO MUNDO
Casos: 153,3 milhões
Óbitos: 3.212.500
1º – E U A: 590,7 mil
2º – Brasil: 406,6 mil
3º – México: 216,9 mil
4º – Índia: 215,5 mil
5º – Reino Unido: 127,8 mil
6º – Itália: 121 mil
7º – Rússia: 110,5 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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