Obrigar uso de cloroquina gerou multa, já é um começo

O Ministério Público Estadual do Ceará (MP-CE) aplicou uma multa de R$ 468 mil contra a operadora de saúde HapVida. O motivo foi a imposição da organização de que os médicos adotassem chamado tratamento precoce com a prescrição de cloroquina ou hidroxicloroquina para a covid-19.

Essa não é a primeira vez que há relatos dessa prática pela operadora. Em agosto do ano passado a BBC Brasil publicou matéria com denúncias de médicos de diversos estados sobre a imposição da HapVida para que os profissionais adotassem a cloroquina em pacientes com Covid-19 e mesmo em caso de suspeita.

Não é caso isolado que hospitais e operadoras de planos de saúde adotem tal procedimento. Como se refere a tratamento não autorizado pelo Ministério da Saúde (que incentiva e até distribui, mas não gerou protocolo), fica difícil entender a motivação. Pode ser meramente ideológica, posto que vivemos tempos em que as opiniões têm rivalizado com resultado de pesquisas consistentes e o campo médico, longe de estar imune, é reconhecidamente um reduto bolsonarista.

Lembrando que o próprio CFM defendeu até a poucos dias o “direito” de o médico escolher livremente o tratamento, omitindo que esse é um comportamento correto quando se trata de terapêuticas ou drogas legalmente aprovados. Outro fator que pode estar influenciando a decisão de operadoras é o cálculo financeiro levando em conta que é uma droga de custo relativamente baixo. Se der certo, alta mais breve, mas se não der certo o paciente morre, sem custos para a operadora que não ganha por êxito. Será que isso possível?

Olho as quase 400 mil mortes e concluo que sim. Essa fixação de hospitais privados com a cloroquina vem de longe. Há um ano, 28 de abril de 2020, publiquei no meu texto diário uma notícia que classifiquei como para lá de obscura.

Era sobre um estudo com hidroxicloroquina conduzido pela Prevent Senior em que A CONEP – Comissão Nacional de Ética em Pesquisa do Conselho Nacional de Saúde, aprovou uma pesquisa que teve resultados publicados apenas três dia depois. A pesquisa foi cancelada, mas chamou a atenção que os resultados eram amplamente favoráveis ao uso da cloroquina.

Era de fato um estudo observacional, portanto não conclusivo, e ainda por cima mal conduzido. Na verdade, a Prevent Senior parece ter escolhido fazer uma pesquisa para se garantir, pois já usava largamente o medicamento e havia a informação do Ministério da Saúde que 79 idosos internados em hospitais da organização tinham morrido de Covid-19.

Depois disso a Prevent Senior, que é um plano de saúde voltado para idosos, passou a divulgar dados atestando a enorme eficácia da cloroquina, nunca confirmados por estudos sérios e nem por tratamento estatístico que indicasse a validade desses resultados. Essas coisas não podem cair no esquecimento. O que fez o MP do Ceará é para se louvar, mas se tratamento não autorizado e com muitos estudos indicando se tratar de algo que traz riscos e, se ainda por cima, pessoas morreram, me parece que temos mais coisas para investigar.

NO BRASIL

Registro de mortes hoje: 3.120

Total de mortes: 395.324

Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.3994

Casos confirmados em 24 horas: 76.085

Casos acumulados na pandemia: 14.446.541

Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 56.522

Casos ativos: 1,262 milhão

Em (*) 101 dias de campanha, pessoas vacinadas: 30,270 milhões (14,29% da pop.)

Em segunda dose, 82 dias: 14,003 milhões de imunizados (6,61% da pop.)

NO MUNDO Casos: 149,8 milhões

Óbitos: 3.154.600

1º – E U A: 587,3 mil

2º – Brasil: 395,3 mil

3º – México: 215,1 mil

4º – Índia: 201,2 mil

5º – Reino Unido: 127,7 mil

6º – Itália: 119,9 mil

7º – Rússia: 109 mil

Dados JHU (Johns Hopkins University).É o que registra o diário de bordo.

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