O dia cancelado, por conta da Covid-19

No mundo já foram inoculadas cerca de 1 bilhão de doses de vacina conta a Covid-19, desse total, somente os EUA, Europa e China somados representam quase 70%. Estamos computando doses, não pessoas. Na conta mais otimista possível estamos falando de no máximo 500 milhões de pessoas totalmente imunizadas (estou superestimando as vacinas que precisam de uma dose apenas).

Significa que foram imunizadas menos de 7% da população mundial. Falta muito ainda e não estou falando apenas do ponto de vista de uma ética humanitária, que para mim seria motivo mais que suficiente. Falo também do ponto de vista de uma estratégia de efetivo controle da pandemia que já deu provas de que deixada assim, correndo solta, tem mostrado capacidade de criar variantes que inclusive podem reinfectar pessoas.

Por isso que o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, vem insistido em, ao mesmo tempo que reconhece a enorme importância da vacinação, que se mantenha o arsenal de métodos de controle da pandemia como o distanciamento social, rastreamento de contatos com quarentena, máscaras, cuidados de higiene, vigilância epidemiológica com barreiras sanitárias, vigilância genômica entre outras.

A não observância desses cuidados estão custando vidas e corroendo esforços mais localizados e fazendo explodir “surpresas” como o caso da Índia, como sabem, uma produtora de vacinas, mas que depende de insumos que vêm dos EUA.

Aqui, além do fracasso reiterado das medidas de isolamento, não coordenadas nacionalmente e sabotadas sistematicamente pelo negacionismo bolsonarista, temos a vacinação avançar lentamente e pior, sofrendo atrasos no seu já tacanho cronograma. Sim, é possível piorar o que já era ruim, quer ver?

O Ministério da Saúde anunciou ontem que maio teremos mais 32,4 milhões de doses e não as 46,9 milhões de doses como previa cronograma divulgado em março. Quem comunicou isso foi o atual ministro, Queiroga, que afirmou esta semana, entre outras estultices, que Bolsonaro é o principal ativo contra a Covid, exaltando o poder de comunicação do capitão.

Bolsonaro resolveu exercer esse poder em uma foto em que, junto com o apresentador Sikêra Jr., segura uma ampliação de um CPF escrito “cancelado”. Na foto, alguns apoiadores e ao menos dois ministros, Milton Ribeiro (Educação) e Gilson Machado (Turismo).

Muito se tem falado que o agravante seria o fato de ‘CPF cancelado’ ser gíria usada por milícias quando executam alguém. Mas para mim nem precisa de agravante, de um significado a ser somado. Com ou sem milícias e assassinatos, trata-se de escárnio frente às centenas de milhares de vítimas que, em última análise, são vítimas de Bolsonaro. Se fosse um matador profissional a soldo, poderia ter uma marca no revólver para cada vítima, ou estaria colecionando os nomes numa caderneta à moda serial killer.

Bolsonaro foi mais longe, preferiu simbolizar num CPF gigante, que representa todos os cancelados. Escolha macabramente apropriada por um documento que é só um cadastro, um número, sem rosto, sem o nome dos pais, sem cidade que nasceu. Assim, é somente um registro a ser apagado.

É Queiroga, acho que seu presidente com jeito próprio de se comunicar, dessa vez, como dizia o Chacrinha, se estrumbicou.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 1.316
Total de mortes: 390.925
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.498
Casos confirmados em 24 horas: 31.900
Casos acumulados na pandemia: 14.339.312
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 56.783
Casos ativos: 1,337 milhão
Em (*) 99 dias de campanha, pessoas vacinadas: 29,021 milhões (13,70% da pop.)
Em segunda dose, 80 dias: 12,570 milhões de imunizados (5,94% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 148,3 milhões
Óbitos: 3.128.200
1º – E U A: 586,1 mil
2º – Brasil: 390,9 mil
3º – México: 214,9 mil
4º – Índia: 195,1 mil
5º – Reino Unido: 127,7 mil
6º – Itália: 119,3 mil
7º – Rússia: 108,2 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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