Estudos apontam aumento de mortes em faixas etárias mais jovens, enquanto medidas de flexibilização são adotadas prematuramente, e o uso de tratamentos não comprovados segue sendo defendido pelo governo.
No Brasil, novos estudos da Fiocruz revelam uma preocupante mudança no perfil das vítimas da Covid-19, evidenciada pelo aumento das mortes na faixa etária de 20 a 29 anos, que apresentou o maior crescimento no número de óbitos de janeiro a abril de 2021. A taxa de letalidade da doença também seguiu uma trajetória ascendente, passando de cerca de 2% no início do ano para 4,5% em abril. Esses dados refletem uma piora do quadro sanitário no país, que enfrenta a “rejuvenescência” da pandemia, com o avanço do número de casos e mortes entre os mais jovens.
Os dados apontam uma queda na média de idade tanto dos internados quanto dos óbitos, o que não pode ser atribuído à redução dos casos entre os mais velhos, mas sim ao aumento das infecções e mortes entre todas as faixas etárias. A média de idade dos internados, por exemplo, diminuiu de 62,35 anos na primeira semana epidemiológica do ano para 57,68 anos na 14ª semana, enquanto a média de idade dos óbitos passou de 71,56 anos para 64,62 anos no mesmo período. Essa tendência reflete o impacto mais grave da Covid-19 sobre os jovens, situação que não era observada no início da pandemia.
Além disso, o boletim da Fiocruz alerta para a flexibilização das medidas de restrição, que vêm sendo adotadas de forma prematura, apesar de os indicadores ainda apontarem para a necessidade de manutenção de ações mais rígidas de controle da disseminação do vírus. Essa decisão de afrouxar as restrições sem que os resultados desejados tenham sido alcançados agrava a situação, comprometendo a capacidade de controlar a pandemia e acelerar o processo de vacinação.
Em paralelo, o governo brasileiro tem insistido na promoção de tratamentos precoces para a Covid-19, como o uso de cloroquina e ivermectina, medicamentos que não possuem comprovação científica de eficácia no combate à doença. O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, defendeu o uso de tais fármacos, baseando-se em estudos observacionais de baixa evidência, em vez de adotar os protocolos comprovados em ensaios clínicos randomizados que demonstram a ineficácia desses medicamentos e o risco aumentado de mortalidade. Essa postura reflete a continuidade de um governo que insiste em seguir políticas baseadas em interesses ideológicos e políticos, mesmo diante de evidências científicas contrárias.
O uso desses medicamentos não apenas representa um risco à saúde pública, como também compromete a confiança da população nas orientações das autoridades sanitárias, em um momento crítico da pandemia. A insistência no tratamento precoce é uma estratégia falha que, mais uma vez, favorece a perpetuação de uma narrativa de negação da ciência e das melhores práticas médicas, enquanto o país vê um aumento dramático no número de mortes e hospitalizações.
No Brasil
- Registro de mortes: 2.866
- Total de mortes: 386.623
- Média móvel de mortes (últimos 7 dias): 2.514
- Casos confirmados em 24 horas: 65.971
- Casos acumulados: 14.238.110
- Média móvel de novos casos (últimos 7 dias): 57.681
- Casos ativos: 1,275 milhão
- Pessoas vacinadas: 28,589 milhões (13,50% da população)
- Imunizados com segunda dose: 12,096 milhões (5,71% da população)
No Mundo
- Casos: 146,7 milhões
- Óbitos: 3.104.500
- 1º – EUA: 585 mil
- 2º – Brasil: 386,6 mil
- 3º – México: 214,1 mil
- 4º – Índia: 189,6 mil
- 5º – Reino Unido: 127,6 mil
- 6º – Itália: 118,7 mil
- 7º – Rússia: 107,5 mil
Esses números e o cenário atual deixam claro que o Brasil está em uma situação alarmante, com medidas ineficazes sendo tomadas enquanto a pandemia avança e novas variantes do vírus tornam o enfrentamento ainda mais difícil. A persistência em seguir tratamentos não comprovados e a flexibilização prematura das restrições sanitárias são ações que colocam em risco a vida de milhões de brasileiros.