O impacto da pandemia no Brasil é alarmante, mas a disseminação de desinformação continua a complicar o cenário.
Em 15 de fevereiro de 2021, a cidade do Rio de Janeiro ultrapassou São Paulo em número de mortes acumuladas por Covid-19, um dado surpreendente considerando que a população carioca é quase metade da de São Paulo. Contudo, em 9 de março, a situação se reverteu, com São Paulo voltando a registrar um número superior de mortes em comparação ao Rio. Desde então, o estado paulista tem enfrentado uma piora considerável, com mais de 6.898 mortes ocorrendo entre essa data e o dia de ontem, em contraste com 3.636 mortes no Rio de Janeiro.
Embora o número absoluto de mortes tenha sido maior em São Paulo, a taxa de mortalidade revela um cenário ainda mais preocupante para o Rio de Janeiro. Com uma taxa de 340 mortes por 100 mil habitantes, o Rio ocupa a terceira posição entre as capitais brasileiras, ficando atrás apenas de Cuiabá (MS) e Manaus (AM), que lideram este triste ranking. São Paulo, por sua vez, apresenta uma taxa de 214 mortes por 100 mil habitantes. Esse dado evidencia a gravidade da situação carioca e aponta para uma disparidade nas consequências da pandemia, apesar da diferença populacional.
São Paulo: Um Estado em Crise
Além da alta mortalidade, o estado de São Paulo tem enfrentado números alarmantes de internações por Covid-19. Em 22 de janeiro de 2021, o estado registrava 13 mil internados, número que subiu de forma constante até o início de abril, atingindo mais de 30 mil internados. Nos últimos dias, o número de internações tem mostrado uma leve redução, estagnando em cerca de 23 mil pacientes internados. Esse dado levanta um questionamento crítico sobre a eficácia das medidas de flexibilização adotadas pelo governo estadual, especialmente considerando que o número de internações continua elevado, mesmo após a implementação da fase de transição entre a fase vermelha e a laranja, que visa permitir maior abertura do comércio e atividades religiosas.
A justificativa do governo para flexibilizar as restrições é a redução na taxa de ocupação dos leitos, mas a lógica por trás dessa decisão é questionável. O número de internados ainda é superior ao registrado quando a fase vermelha foi estabelecida, o que torna improvável que o momento seja o mais adequado para adotar medidas de flexibilização, que podem resultar em mais contaminações e mortes.
O Papel das Fake News na Pandemia
A propagação de fake news continua sendo um grande desafio no enfrentamento da pandemia no Brasil. A mais recente “notícia” falsa que circulou afirma que 1.500 testes positivos para Covid-19 foram analisados e nenhum vírus foi encontrado, um estudo sem respaldo científico que foi divulgado por fontes duvidosas. A proliferação de desinformação não se limita a esse episódio: também circulam relatos falsos sobre o tratamento precoce, fake news sobre a atuação de médicos e políticas públicas, além de vídeos que incentivam a violência contra as autoridades, como o caso de banhistas expulsando guardas de praia.
Essas informações enganosas têm o objetivo de gerar caos e descredibilizar os esforços das autoridades sanitárias e dos cientistas. Elas são alimentadas por narrativas polarizadoras, que buscam transformar a pandemia em um campo de batalha ideológica. Fake news sobre a Covid-19 criam uma realidade alternativa, onde o vírus é minimizado, tratamentos duvidosos são exaltados e o desrespeito às medidas sanitárias é incentivado. O discurso é primário e grotesco, buscando unir grupos por meio de um imaginário que mistura medo, raiva e desinformação.
A Situação no Brasil e no Mundo
Os números da pandemia no Brasil continuam alarmantes. Com 383.757 mortes até o momento e 14.172.139 casos confirmados, o país ocupa o segundo lugar no mundo em número de óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos. A média móvel de mortes nos últimos sete dias é de 2.543, um reflexo da situação crítica enfrentada em diversas partes do país. No mundo, os dados também são preocupantes: a pandemia já causou 3.090.100 mortes e 145,8 milhões de casos confirmados, com os Estados Unidos liderando o ranking de óbitos, seguidos pelo Brasil.
A vacinação ainda está em andamento, com 13,13% da população já tendo recebido a primeira dose e 5,34% já imunizados com a segunda dose. Apesar dos avanços no processo de vacinação, a disseminação do vírus segue sendo uma ameaça constante, especialmente com as novas variantes que têm sido identificadas no Brasil e em outros países.
Conclusão: O Desafio da Comunicação e a Necessidade de Unificação de Esforços
Em um cenário onde a pandemia tem trazido consequências devastadoras para a saúde pública, a disseminação de informações falsas é um obstáculo enorme no combate à Covid-19. É imprescindível que a sociedade busque fontes confiáveis de informação e que os esforços governamentais sejam focados em medidas efetivas de controle e prevenção da doença, com base em dados científicos e na proteção da saúde coletiva. A desinformação e as fake news não são apenas um risco para a saúde física, mas também para a saúde mental e para a coesão social, alimentando o medo, a raiva e a polarização.
Agora mais do que nunca, é necessário que todos os setores da sociedade se unam para combater a pandemia de forma eficiente, sem se deixar levar por narrativas falaciosas que só contribuem para agravar a situação. O Brasil ainda enfrenta um longo caminho pela frente, mas o apoio mútuo, a educação e a ciência são os pilares para que possamos superar essa crise de saúde pública.