A posse das terras dos índios

Numa quarta-feira, entre as 15h e o pôr do sol, uma esquadra de navegadores ousados, que vinha, há mais de um mês, cortando as águas do oceano Atlântico, viu, de repente, surgir diante de seus olhos mareados, um monte muito alto. Em seguida, serras mais suaves. E, finalmente, a terra plana. Era o dia 22 de abril de 1500. Data de nascimento do que, no futuro, viria a ser o Brasil.

Não fosse aquela viagem, o Brasil não existiria. Mas, hoje, o pessoal identitário-politicamente correto-multiculturalista-racialista-etc. lamenta que isso tenha acontecido. Na cabeça bronca dessa gente, viviam aqui índios ecofelizes e, de repente, chegou um bando de criminosos europeus. É de uma ignorância atroz. Claro que os portugueses não era nenhuns santinhos. Mas os índios também não. Nada tinham de “ecológicos” (já vinham destruindo a Mata Atlântica, como nos mostra o estudo de Warren Dean; aliás, herdamos deles as queimadas, a agricultura de “coivara”, como se dizia em tupi) e muito menos de “angelicais”. Não existem povos-anjos e povos-demônios.

Vejam o mundo tupinambá. Uma das culturas mais violentas, mais agressivas, de que já tive notícia. A sociedade tupinambá era uma máquina de guerra implacável. Entre tantas coisas, chacinaram os tupinaés que habitavam a Baía de Todos os Santos (então, Kirymuré), tomaram suas terras e os expulsaram da beira do mar. Vejam mais: os tupinambás praticavam infanticídio. Quando havia algum sacrifício humano na aldeia, as mães passavam o sangue da vítima no bico dos peitos e davam de mamar aos bebês, para que eles fossem logo tomando gosto pelo sangue dos inimigos. Um macho tupinambá, para ser considerado homem, indivíduo, e poder casar, tinha que primeiro matar alguém. Ah, feministas: um homem tupinambá podia ter várias mulheres; mas a mulher tupinambá só podia ter um homem e, se cometesse adultério, poderia ser punida com a morte.

Detesto idealizações e falsificações da história. Por isso mesmo, escrevi…

BANDIDO E MOCINHO?

Quando os europeus desembarcaram por aqui,
eles quiseram comprar a amizade dos índios. E os índios – bem, os índios a venderam.

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