Obscurantismo: à moda caipira e à carioca

“Nem mesmo uma pandemia gravíssima como a vivenciada na atualidade autoriza o cerceamento da liberdade individual de cada cidadão, ao argumento da possibilidade de transmissão acelerada da doença ou mesmo da falta de vagas em hospitais”. De quem é essa frase? Algum bolsominion negacionista extremado? Não.

Trata-se de uma decisão judicial. E é sobre a cidade do Rio de Janeiro. O nome da magistrada é Regina Lucia Chuquer, da 6ª Vara da Fazenda Pública, e sua decisão suspende um conjunto de decretos de Eduardo Paes que instauram medidas restritivas que buscam controlar o avanço da pandemia. Funcionamento de boates e ficar na praia são exemplos de práticas libertárias protegidas pelo acurado senso de proteção das liberdades da magistrada. Sugiro pesquisar o nome da juíza no google sobre pedágio.

Recentemente o STF, por 9 x 2, decidiu pela constitucionalidade dos poder executivo, baseado na emergência sanitária, regular o funcionamento de templos religiosos, eventualmente proibindo cultos presenciais. Por isso imagino que a decisão da juíza carioca seja derrubada, mas até lá muita gente poderá ter sido infectada pelo vírus, que deve ter um advogado muito bom.

Na verdade tem um deputado defendendo os interesses do vírus, Anderson Moraes (PSL), que entrou com a ação acatada pela juíza. Moraes é conhecido pela sua relação muito próxima a Bolsonaro, inclusive empregou em seu gabinete a ex-esposa do presidente. Também esteve envolvido com episódio em que o Facebook desativou um conjunto de contas ligadas a perfis falsos que divulgavam fake news, gente lotada diretamente no seu gabinete.

Já em São Paulo, o estado, a pequena cidade de Mirandópolis, com pouco menos que 30 mil habitantes, teve nesses últimos dias uma explosão de casos e mortes pela Covid-19. As mortes foram de 23 para 62 entre os dias 01 e 20 de abril, chegando a ter 13 registros de óbitos em um só dia. O prefeito da cidade é Everton Sodario (PSL), que se auto denomina o Bolsonaro caipira.

O Prefeito segue o repertório completo de seu ídolo e como autoridade municipal tem poder de fogo, para além da opinião. Resultado, comercio aberto, aglomerações, inclusive as que ele, sempre sem máscara, promove e pandemia fora de controle. De certo modo Sodario vai ainda mais longe que Bolsonaro, ou melhor, segue até o que Bolsonaro já abandonou, como o discurso contra vacinas.

O clone ideológico do capitão segue declarando que não tomará a vacina chinesa e gastou, segundo matéria de Felipe Pereira (opovoonline, 20/04), 22 mil reais em comprimidos de cloroquina. Como eu já disse, tem o poder da caneta, além da liderança de homem público, o que o torna especialmente perigoso.

A soma de decisões como a da juíza carioca e a atuação de prefeitos como o de Mirandópolis, certamente representam algumas dezenas de milhares de mortes, perdas que sem a atuação destas figuras nefastas seriam evitadas.

 NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 3.481
Total de mortes: 378.530
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.830
Casos confirmados em 24 horas: 73.172
Casos acumulados na pandemia: 14.050.885
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 64.188
Casos ativos: 1,273 milhão
Em (*) 94 dias de campanha, pessoas vacinadas: 27,130 milhões (12,81% da pop.)
Em segunda dose, 75 dias: 10,705 milhões de imunizados (5,06% da pop.)

 NO MUNDO
Casos: 144 milhões
Óbitos: 3.062.200
1º – E U A: 582,4 mil
2º – Brasil: 378 mil
3º – México: 212,5 mil
4º – Índia: 182,6 mil
5º – Reino Unido: 127,5 mil
6º – Itália: 117,6 mil
7º – Rússia: 106,3 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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