A humanidade é o grupo de risco

Em matéria de ontem da G1 assinada por Mariana Garcia, tem uma frase de uma epidemiologista que acho importante destacar: “Precisamos comunicar essa mudança no perfil dos pacientes com Covid-19. Com as novas variantes, os jovens estão adoecendo mais, estão internando mais, com a forma mais grave da doença, mesmo sem comorbidades”, disse Ethel Maciel.

Ontem escrevi sobre esse tema e destaquei que em São Paulo, em março, a taxa de mortes entre jovens de 20 a 29 anos aumentou em 60%, comparando com o pior mês da primeira onda. Saber disso tudo implica em muita coisa, mas certamente implica em maior atenção para os processos de prevenção como o uso de máscara e distanciamento, justamente em um grupo que “naturalmente” mais se expõe, pois são a maioria no trabalho uberizado, no trabalho formal no comercio, são os que mais vão a bares e festas etc.

E aí falo do bom e velho método de informação, consensos e sanções, sendo esse último item alvo da disputa que ideológica em que a direita, operando uma confusão conceitual, vem tratando possíveis sansões como expressão do estado totalitário que avança sobre o direito de ir e vir e blá-blá-blá.

Também implica em apressar a campanha de vacinação que aqui nem chegou aos de 60 até 65 anos, exceto populações específicas como trabalhadores da saúde e educação entre outros e de pessoas com morbidades eletivas para vacina antecipada.

Quero dizer que é correto priorizar populações em que o vírus causa maior mortalidade, como os idosos e muito idosos e o impacto já verificado por essa cobertura é eloquente. Mas o problema é a demora para atingir outra faixas etárias. Já são 92 dias de vacinação e somente 12,36% da população foi vacinada, o que significa cerca de 35% das prioridades previstas nas três fases iniciais da vacinação.

Ou seja, mantendo o ritmo, iniciaremos a vacinação de jovens em um ano aproximadamente. Se tudo melhorar muito, se dobramos a quantidade diária de vacinação, ainda estaremos levando seis meses para iniciar a vacinação em jovens. Com ausência de ações contendentes de distanciamento e a precária cobertura vacinal, só aumentará as possibilidades de novas variantes que podem inclusive impactar a eficácia das vacinas.

Os dados dos últimos dias indicam que as mais recentes medidas de isolamento deram resultados, no geral, apenas medianos, derrubando a curva de casos e mortes muito discretamente e mantendo bem alto o número diário de casos ativos. O problema é que já se espalharam medidas de flexibilização de isolamento.

Em São Paulo, por exemplo, Doria criou uma exótica fase intermediaria entre a vermelha e a laranja como já havia criado uma intermediaria entre a vermelha e o lockdown. Nos dois casos a intenção é de “suavizar” o isolamento, mesmo com dados ainda indicando o caminho inverso. Somando-se tudo isso a lentidão da vacina, não me parece que escaparemos de um mês de abril ainda mais terrível que o de março.

 NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 1.553
Total de mortes: 373.442
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 2.878
Casos confirmados em 24 horas: 41.694
Casos acumulados na pandemia: 13.941.828
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 65.612
Casos ativos: 1,328 milhão
Em (*) 92 dias de campanha, pessoas vacinadas: 26,170 milhões (12,36% da pop.)
Em segunda dose, 73 dias: 9,578 milhões de imunizados (4,52% da pop.)

 NO MUNDO
Casos: 142,5 milhões
Óbitos: 3.038.800
1º – E U A: 581,1 mil
2º – Brasil: 373,3 mil
3º – México: 212,2 mil
4º – Índia: 178,8 mil
5º – Reino Unido: 127,5 mil
6º – Itália: 116,9 mil
7º – Rússia: 105,6 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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