Uruguai e Brasil: Um olhar comparativo sobre as respostas à pandemia

Enquanto o Brasil segue enfrentando uma das maiores crises sanitárias da história, o Uruguai, apesar de um recente aumento nas taxas de mortalidade, tem sido um exemplo na vacinação.

A pandemia de COVID-19 trouxe duas notícias, e a resposta para ambas é a mesma: Uruguai. Esse pequeno país da América do Sul, que começou o ano com uma das menores taxas de mortalidade do mundo, viu sua situação se deteriorar nas últimas semanas. Até o início de 2021, a taxa de mortalidade no Uruguai era 10 vezes menor que a do Brasil. No entanto, o número de mortes e a propagação do vírus aumentaram, e ontem a taxa uruguaia foi registrada como sendo apenas 3,3 vezes menor que a do Brasil. A explicação apontada por especialistas está nas aglomerações, especialmente entre os jovens, e na baixa adesão ao uso de máscaras.

Além disso, a resposta do governo uruguaio foi tímida em relação às medidas de isolamento. O presidente Luis Lacalle Pou, com receio de ser acusado de reforçar um “estado policial”, optou por não fechar comércios, bares e restaurantes. No entanto, suspendeu atividades como aulas presenciais, shows, teatro e cinema. Embora o governo tenha defendido o uso de máscaras e tomado algumas medidas de contenção, ele segue uma linha ideológica que vincula o distanciamento social a formas de autoritarismo, algo que se tornou um tema de disputa ideológica em muitas nações, incluindo o Uruguai.

A vacinação no Uruguai: Um exemplo de eficiência

A boa notícia sobre o Uruguai está, sem dúvida, na sua campanha de vacinação. Enquanto o Brasil iniciou sua vacinação em 17 de janeiro de 2021, o Uruguai começou de forma efetiva em 1º de março, 42 dias após o Brasil. Em apenas 12 dias, o Uruguai já havia ultrapassado o Brasil em número de vacinas aplicadas proporcionalmente à população. Hoje, o Uruguai tem 2,4 vezes mais pessoas vacinadas do que o Brasil, e, proporcionalmente, o país já aplicou 38 doses por 100 habitantes, enquanto o Brasil se encontra com apenas 16 doses por 100 habitantes.

Proporcionalmente à população, o Uruguai vacinou, até o momento, cerca de 0,81 doses por 100 habitantes por dia, enquanto o Brasil vacinou 0,18 doses por 100 habitantes diariamente. Isso significa que, se o Brasil tivesse mantido o ritmo de vacinação do Uruguai, o país já teria inoculado cerca de 150 milhões de doses até agora, ao invés das 35 milhões de doses que foram aplicadas até ontem.

O grande obstáculo do Brasil tem sido a falta de vacinas suficientes. A infraestrutura do país para a vacinação está pronta, e o Brasil possui uma grande capacidade de distribuir vacinas, mas o que falta é a quantidade de imunizantes necessários para alcançar uma vacinação em massa mais rápida. A escassez de vacinas é um problema global, mas também é reflexo de falhas na negociação e planejamento por parte das autoridades brasileiras.

Os números da pandemia no Brasil e no mundo

A situação no Brasil continua grave. Ontem, o país registrou 2.865 mortes, elevando o total de óbitos para 371.889. A média móvel de mortes nos últimos sete dias é alarmante, com 2.917 mortes diárias. Em termos de novos casos, o Brasil confirmou 65.792 infecções em apenas 24 horas, o que totaliza 13.900.134 casos acumulados desde o início da pandemia. O número de casos ativos permanece elevado, com mais de 1,3 milhão de pessoas ainda lutando contra a doença.

No mundo, o Brasil segue em segundo lugar no total de mortes, com 371.889 óbitos, atrás apenas dos Estados Unidos, que registraram 580.600 mortes. O México, a Índia, o Reino Unido e a Itália completam os seis primeiros países em número de mortes.

Reflexões finais sobre a pandemia e a vacinação

A comparação entre o Uruguai e o Brasil deixa claro que, embora o Brasil tenha uma infraestrutura robusta, a falta de planejamento adequado e a ineficácia na negociação de vacinas resultaram em um progresso lento e frustrante. Enquanto o Uruguai conseguiu avançar rapidamente na vacinação, o Brasil segue lutando para vacinar sua população de maneira eficiente e eficaz.

O que o Brasil precisa agora é de uma liderança forte e um plano coordenado para acelerar a vacinação e implementar medidas de isolamento mais eficazes. A experiência do Uruguai, que mostrou avanços rápidos na vacinação, deve servir como exemplo para o país, que precisa agir urgentemente para controlar a propagação do vírus e salvar vidas.

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