A busca da identidade é um fenômeno moderno, e enquanto tal faz parte da superficialidade da sociedade de massas.
O pensamento, cuja busca é pela profundidade, não possui identidade alguma. Ele se realiza, como Sócrates pressupunha, na dualidade do ego, no dois-em-um que se apresenta quando estabeleço um diálogo silencioso comigo mesmo.
É, portanto, numa diferença na própria identidade, no hiato do meu próprio eu, onde se faz o pensar, nunca numa relação com os outros, mas comigo mesmo.
A unicidade da identidade, no entanto, apenas se realiza com o outro, de maneira que é a supremacia do outro que nos exige identidade – e portanto ausência de pensamento.
Já estar consigo mesmo se torna muito mais confortável quando não assumimos identidade alguma.