Instabilidade e alta mortalidade seguem alarmando autoridades internacionais.
O Brasil foi novamente alvo de críticas pela gestão da pandemia de COVID-19. O diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, destacou em sessão virtual a situação fora de controle no país. Ele também apontou preocupação com o agravamento da crise sanitária em outros países como Estados Unidos, Turquia e França, além de alertar sobre o impacto global da instabilidade do cenário brasileiro.
A França tomou medidas drásticas ao suspender voos provenientes do Brasil, temendo a disseminação de variantes locais do vírus. Durante pronunciamento no parlamento, o primeiro-ministro francês ironizou o uso de cloroquina no Brasil, provocando risadas, apesar do contexto trágico.
No estado de São Paulo, houve um retorno à fase vermelha do plano de contenção no dia 12, após breve período na fase roxa. Enquanto cultos presenciais permanecem proibidos, escolas e eventos esportivos, como o Campeonato Paulista, foram retomados. A decisão foi baseada em uma discreta melhora nos índices, mas mantém a prática controversa de tardar medidas restritivas e apressar flexibilizações.
A situação hospitalar segue crítica, com uma taxa de ocupação de UTIs de 83% na Grande São Paulo. Embora o governo estadual avalie que esse índice justifique abrandar medidas de quarentena, especialistas alertam que essa taxa reflete um funcionamento sob estresse extremo. Além disso, com a alta mortalidade de pacientes entubados, medidas paliativas, como a ampliação de leitos, não são suficientes para conter as mortes.
Em âmbito nacional, a condução da crise enfrenta críticas por priorizar interesses políticos. O presidente Jair Bolsonaro, apelidado de “capitão cloroquina”, é acusado de prolongar a crise sanitária e econômica, o que, paradoxalmente, fortalece seu apoio entre setores reacionários e do mercado. O Brasil acumula cinco dias consecutivos com média móvel de mortes acima de 3 mil, enquanto menos de 4% da população recebeu as duas doses da vacina.
Dados atualizados mostram o impacto devastador: mais de 362 mil mortes registradas no Brasil, com uma média móvel de óbitos superior a 3 mil. No cenário global, o país é o segundo em número de mortes, atrás apenas dos Estados Unidos. A cada dia, a naturalização do descaso com a vida se torna mais evidente, alimentando uma crise que parece longe do fim.