No país da cloroquina

Mais uma vez o Brasil é alvo de advertência quanto ao fato de a pandemia estar fora do controle. Essa vez a constatação veio do diretor executivo da Organização Mundial de Saúde (OMS), Mike Ryan, em sessão virtual da entidade. Ryan ainda mostrou preocupação com a piora dos números (nos EUA, Turquia e França, além do Brasil) e pelo nível de instabilidade do quadro geral.

No caso francês as providências quando o aumento do número de casos incluiu a suspenção de voos entre França e Brasil com medo, principalmente, das variantes aqui criadas e disseminadas. Em sua fala no parlamento o primeiro-ministro francês fez questão de se referir que aqui se usa cloroquina, o que gerou risadas na plateia. Seria mesmo engraçado se não fosse trágico.

O caso de São Paulo, o nosso tucanistão, segue tudo como dantes. Retornou na segunda-feira, 12, à Fase 1-Vermelha (saiu da roxa). Cultos presenciais seguem proibidos, mas abrem escolas e se retoma o campeonato paulista. A decisão foi baseada em discreta melhora dos índices, retomando a prática de demora para tomar medidas de restrição e pressa na hora de liberar.

Segue o recurso da falácia das vagas em UTI, mesmo com média móvel acima de 800 mortos, o governo de São Paulo avalia colocar regiões do estado em fases mais brandas da quarentena, já nesta sexta-feira (16), segundo matéria do G1. O governo avalia que houve melhoras suficientes para abrandar medidas e cita leito de UTI com taxa de ocupação de 83% na Grande São Paulo.

Primeiro que 83% é uma taxa alta porque pressupõe a unidade hospitalar trabalhando em regime de estresse permanente e, na prática, o que tem faltado é menos leito e mais pessoal qualificado e insumos. A outra coisa é que se trata de uma doença mortal em que mais de 70% dos entubados acabam não resistindo e morrendo.

O que quer dizer isso? Se a taxa é de 80%, mesmo que por um milagre se duplicasse os leitos, equipes e insumos, teríamos uma taxa hipotética de 40% de ocupação. Mesmo assim a mortalidade seria alta, pois a doença mata muita gente e a desassistência por falta de UTI ou insumos são fatores de agravamento da mortalidade.

Voltando ao Brasil, perdemos a cada dia a oportunidade de salvar vidas aos milhares, pela coordenação de um esforço nacional de vacinação com medidas de isolamento no âmbito nacional. De verdade para isso ocorrer não haveria outro jeito se não a saída de Bolsonaro.

O capitão cloroquina se alimenta da crise que se arrasta, mas o tempo corre a seu favor, pois o crescimento exponencial da crise pandêmica, com crise política e econômica fortalece seu papel de liderança de massa e assim aumenta a dependência que as forças reacionárias e de direita, de dentro e de fora do mercado, têm de Bolsonaro para seguirem o projeto de exploração e entreguismo. Por isso tendem a decidir que se é ruim com Bolsonaro, pior sem ele.

Enquanto isso, quinto dia consecutivo de média móvel de óbitos acima de 3 mil e vacinados com duas doses são menos de 4%. Cada dia o descaso e a morte mais naturalizados.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 3.462
Total de mortes: 362.180
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 3.012
Casos confirmados em 24 horas: 75.998
Casos acumulados na pandemia: 13.677.564
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 68.648
Casos ativos: 1,265 milhão
Em 85 dias de campanha, pessoas vacinadas: 24,942 milhões (11,78% da pop.)
Em segunda dose: 8,112 milhões de imunizados (3,83% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 139,3 milhões
Óbitos: 2.990.500
1º – E U A: 578 mil
2º – Brasil: 362,2 mil
3º – México: 210,3 mil
4º – Índia: 173,2 mil
5º – Reino Unido: 127,4 mil
6º – Itália: 115,6 mil
7º – Rússia: 104 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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