As mentiras que parecem verdade

13 de abril de 2021 –

Na linha das mentiras que parecem verdade, temos desgastado debate da posição do Brasil na classificação internacional, o ranking dos piores desempenhos.

Acontece que quando o governo e seus defensores querem passar um pano na crise, dizem que o Brasil é o quinto lugar em vacinação, dado tão verdadeiro quanto enganoso, já que se refere ao total de vacinados, mas evidente que a conta correta, o contexto que serve como parâmetro é o número de vacinados em relação à população, aí encontramos mais de 40 países com número (percentual) de vacinados maior que nosso.

Outro dado a se levar em conta para avaliar o sucesso da vacinação é se ela é parte estratégica ou prioritária para o controle da pandemia.

O Japão por exemplo vacina muito pouco, mas sua taxa de mortalidade por 100 mil habitantes é 23 vezes menor que a brasileira, assim não há que se falar em lentidão da vacinação, pois o controle da pandemia se dá de outras formas.

A China vacinou proporcionalmente à população um pouco menos que o Brasil, mas sua taxa de mortalidade é 500 vezes menor que a nossa.

O percentual de vacinados na população é dado importante para avaliar a efetividade da campanha de vacinação, independente do tamanho dessa população. Nos exemplos de Japão e China não faz sentido avaliar a eficiência da vacinação, pois vacinar não é a opção estratégica desses países, ao menos por enquanto.

O Brasil, em proporcionalmente à população, vacinou menos que França e Itália por exemplo, mas também menos que os Estados Unidos. O agravante disso é que aqui a pandemia segue fora de controle com casos e mortes batendo sucessivos recordes e a vacina precisa ser usada para achatar a curva de contágio e principalmente de mortes.

Não tem, portanto, uma função preventiva. Alguns países, nem todos, estão apostando na prevenção com vacina, como é o caso dos Emirados Árabes Unidos que tem taxa de mortalidade 11 vezes menor que a do Brasil e taxa de vacinação 7 vezes maior.

Outra falácia do bolsonarismo é que o Brasil estaria, proporcionalmente à população, em quadragésimo lugar entre os piores resultados da pandemia. Mentira, os dados encontrados no portal ourworldindata.org mostram o Brasil em 15º lugar com a taxa de 167/100m. Mas também é um número enganoso, apesar de matematicamente correto.

Mas o que ele revela e o que esconde? A primeira coisa é que os dados são dinâmicos e, por exemplo, o Brasil já esteve pior e mais bem posicionado ao longo da pandemia. Hoje a tendência de diversos desses países que estão com taxas maiores é de achatamento da curva de mortes, como no caso dos EUA e Reino Unido. Na verdade, dos 14 países que estão com taxa de mortalidade maior que o Brasil, somente 4 estão com crescimento da taxa de forma mais acentuada.

No ritmo que seguimos em dois ou três dias estaremos em 13º lugar entre as maiores mortalidades e em 11º num prazo de 20 a 30 dias. Mas tem mais um fator a ser considerado que é o do tamanho da população desses países. São Marino e Montenegro tem população de cidade pequena e media, 33 mil e 622 mil respectivamente.

Não faz sentido comparar com o Brasil, lembrando que temos mais de 300 cidades pequenas, médias e grandes com maior taxa de mortalidade que esses dois países.

Os demais países piores que o nosso são a maioria com população inferior a12 milhões da habitantes, o que torna difícil a comparação, pois estariam mais próximos a estados brasileiros. Se observarmos a taxa de mortalidade de nossos estados encontraremos 14 que estariam, se fossem países, entre esses 15 de pior taxa de mortalidade.

Para concluir, dos pais mais populosos, acima de 30 milhões de habitantes, o Brasil está com taxa de mortalidade maior que Itália, Reino Unido, EUA e Peru, sendo que, a se confirmar a tendência, em 30 dias desses países somente a Itália terá taxa maior do que a nossa.

NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 3.687
Total de mortes: 358.718
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 3.051
Casos confirmados em 24 horas: 80.157
Casos acumulados na pandemia: 13.601.566
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 70.787
Casos ativos: 1,296 milhão
Em 84 dias de campanha, pessoas vacinadas: 24,461 milhões (11,55% da pop.)
Em segunda dose: 7,737 milhões de imunizados (3,65% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 137,3 milhões
Óbitos: 2.966.500
1º – E U A: 576,9 mil
2º – Brasil: 358,7 mil
3º – México: 208,9 mil
4º – Índia: 170,9 mil
5º – Reino Unido: 127,3 mil
6º – Itália: 115,5 mil
7º – Rússia: 104,7 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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