A chave era o SUS

Tem uma fala que passa um pano na ação deletéria de Bolsonaro que é a de que boa parte do fracasso no combate à pandemia estaria ligado ao tamanho e complexidade do Brasil. Essa é uma pseudoexplicação que tenta se diferenciar da ideia mais crua do Capitão de que o STF tirou o poder e fragmentou a capacidade do Ministério da Saúde de coordenar as ações, nada mais mentiroso, pois o STF somente reconheceu o papel concorrente dos entes.

Tentar atribuir o caos atual à diversidade e complexidade do país, que de fato há, não se sustenta porque é justamente na política pública de saúde, e mesmo na saúde privada, coordenada pelo SUS que o Brasil tinha sua maior expertise de gestão, reconhecida mundialmente e aperfeiçoada por três décadas de funcionamento.

São feitos impressionantes em vacinação com a erradicação de diversas doenças, politica de AIDS, medicamentos de alto custo, diminuição da mortalidade infantil, transplantes e um conjunto amplo de ações estruturais que destaco o controle de zoonoses e o Programa de Saúde da Família – PSF com seus agentes comunitários de saúde.

Amparado em discussões desde a base por processos de conferências de saúde, a 16ª foi em 2019, e mantido por pactuações minuciosamente construídas com as secretarias estaduais e municipais de saúde, CONASS e CONASEMS, e com forte capacidade de indução do Ministério da Saúde, políticas de saúde cotidianas e atuação em crises tem apresentados muitos resultados robustos.

Evidente que há uma limitador mais estrutural que é o desfinanciamento da política por limitações orçamentarias geradas pela lei de responsabilidade fiscal e mais recentemente pela EC 95, como chamado teto de gastos e proibição de investimentos.

Mas a capacidade técnica, os instrumentos de pactuação e a cultura institucional de decisões e acompanhamento de resultados, inclusive com meios eletrônicos altamente sofisticados ainda existe. O que faltou foi por tudo isso a serviço do combate à pandemia. O que se teve de sobra foram medidas e omissões que nos levaram ao atual abismo. Em vez de combate, tivemos pelo governo federal e seu Ministério da Saúde a promoção sistemática da pandemia.

Evidente que Bolsonaro desejou não que o Ministério da Saúde coordenasse a gestão da crise pandêmica, mas quis impor seu negacionismo tendo mais poderes para mais facilmente atrapalhar as medidas de isolamento, distribuir cloroquina e outras drogas inócuas ou perigosas, sonegar dados e por aí vai. Contra isso é que o STF se posicionou.

Sem coordenar ações de isolamento que poderiam chegar até o lockdown nacional e sem vacinação em massa, o cenário se agrava ainda mais. Hoje mais um recorde com maior média móvel de mortes da pandemia. Os dados apontam para algo perto de 90 mil mortes em abril.

 NO BRASIL
Registro de mortes hoje: 1.738
Total de mortes: 355.031
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 3.125
Casos confirmados em 24 horas: 38.866
Casos acumulados na pandemia: 13.521.409
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 71.174
Casos ativos: 1,274 milhão
Em 83 dias de campanha, pessoas vacinadas: 23,853 milhões (11,26% da pop.)
Em segunda dose: 7,393 milhões de imunizados (3,49% da pop.)

 NO MUNDO
Casos: 136,3 milhões
Óbitos: 2.960.500
1º – E U A: 576,3 mil
2º – Brasil: 355 mil
3º – México: 207,9 mil
4º – Índia: 169,9 mil
5º – Reino Unido: 127,2 mil
6º – Itália: 114,9 mil
7º – Rússia: 104,1 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.