Pandemia: Sequelas Psicológicas e Neurológicas Ganham Destaque

Com mais de 500 óbitos registrados em São Paulo, o Brasil enfrenta o pior domingo de toda a pandemia, com uma média móvel de mortes que é a segunda maior desde o início da crise. Se o número de óbitos impressiona, as sequelas psicológicas e neurológicas também têm chamado a atenção.

A pandemia da COVID-19 continua a desafiar o Brasil, que registrou no último domingo mais de 500 óbitos apenas no estado de São Paulo. Esse número contribuiu para que o país também tivesse o seu pior domingo em termos de mortes, com a média móvel de óbitos atingindo níveis alarmantes. O cenário é ainda mais preocupante considerando que o número diário de casos ativos permanece entre 1,2 e 1,35 milhões há 17 dias consecutivos, o que aponta para uma possível intensificação do agravamento da situação nos próximos meses.

Embora as mortes sejam, sem dúvida, os dados mais impactantes da pandemia, as sequelas da doença têm se tornado um tema cada vez mais relevante nas discussões sobre o futuro da crise sanitária. Um estudo recente, patrocinado pelo National Institute for Health Research (NIHR) e publicado na prestigiada revista The Lancet, revelou que as sequelas psicológicas e neurológicas têm se manifestado em uma parcela significativa dos pacientes recuperados da COVID-19.

Realizado com mais de 200 mil pessoas, o estudo apontou que 38% dos pacientes que receberam atendimento ambulatorial e 46% daqueles que foram internados em unidades de terapia intensiva (UTI) apresentaram sintomas neurológicos ou psicológicos seis meses após a infecção. Entre os principais diagnósticos estão ansiedade (17%), transtornos de humor (14%), abuso de substâncias (7%) e insônia (5%). Além disso, foram registrados casos de AVC isquêmico (2,1%), demência (0,7%) e hemorragia cerebral (0,6%).

Embora as sequelas neurológicas sejam graves, os sintomas psicológicos, como a ansiedade, podem estar profundamente ligados ao estresse e à angústia causados pela possibilidade da morte, além de estarem frequentemente associados a sintomas físicos persistentes, como dores musculares, artrites, cefaleia e cansaço. Esses sintomas podem intensificar o temor de sequelas permanentes, mantendo os pacientes em um estado constante de tensão emocional.

Outro fator preocupante é que as sequelas não se limitam apenas aos casos graves da doença. Mesmo aqueles que passaram pela COVID-19 de forma leve têm apresentado sintomas prolongados, o que eleva o número de pessoas que podem sofrer de sequelas a um patamar alarmante no Brasil, com mais de 350 mil óbitos registrados até o momento. Estima-se que milhões de brasileiros possam ter sequências da doença, o que sobrecarregaria ainda mais o sistema de saúde e geraria um impacto devastador no bem-estar da população.

Diante dessa realidade, especialistas afirmam que é urgente a criação de programas de pesquisa focados no estudo das sequelas da COVID-19, além de programas assistenciais destinados ao cuidado das pessoas que enfrentam esses efeitos prolongados. A implementação de medidas como essas passa necessariamente por um fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), que precisa ser viabilizado com mais investimentos, algo que só seria possível com o fim da Emenda Constitucional 95, que limita os recursos destinados à saúde pública.

Porém, enquanto as ações assistenciais e de pesquisa não se concretizam, a prioridade continua sendo o combate imediato à pandemia com medidas como o lockdown e a vacinação para todos. Esses são os passos essenciais para salvar vidas, proteger a população e buscar formas de controlar o avanço da doença.

Dados no Brasil e no Mundo

No Brasil, o número de mortes atingiu 353.293, com uma média móvel de 3.109 óbitos nos últimos sete dias. O total de casos confirmados é de 13.482.543, e a vacinação segue lenta, com 23,29 milhões de pessoas vacinadas, o que representa apenas 11% da população.

Globalmente, o número de casos passou para 136 milhões, com 2.950.600 óbitos, com os Estados Unidos (574,8 mil mortes), Brasil (353,3 mil mortes) e México (207,4 mil mortes) liderando a lista dos países mais afetados pela pandemia.

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