Vacina e lockdown ou barbárie

Está cada dia mais quente o debate sobre os limites a vacina no controle efetivo da pandemia, pois há perguntas ainda sem resposta certeira. Uma delas é o tempo de garantia da imunização. É provável que se tenha que fazer imunizações de reforço assim como no caso da vacina contra a gripe que anualmente é replicada. As vacinas foram desenvolvidas em tempo recorde, aprovadas em regime de emergência sanitária e por isso levará tempo para se ter resposta para a questão.

Outro problema é que nem toda vacina e nem todas as pessoas vacinadas produzem a chamada imunidade esterilizante, que é quando não há infecção de nenhuma célula e o vírus assim não se reproduz. O mais comum é a diminuição da reprodução, maior prevenção de casos graves e menor taxa de transmissão pela diminuição da carga viral. Na prática o correto é os vacinados seguirem com as medidas protetivas como evitar aglomerações e usar máscara.

E esse é um ponto fundamental. Se a vacinação se restringir a um grupo, não se universalizar, corre-se o risco de até aumentar as infecções pelo relaxamento do comportamento protetivo antes da pandemia estar sob controle. Outro efeito de vacinar poucos e ou lentamente é que o vírus vai produzindo variantes pelo processo natural de mutações e pode-se produzir novas cepas que impactem negativamente a eficácia das vacinas, podendo mesmo torná-las inócuas, pouco provável, mas não impossível.

É por esse motivo que vacinar assim tão lentamente concorre para que tenhamos menor chance de sucesso no controle da pandemia. Também vacinar somente algumas prioridades também não resolve. As prioridades, quando definidas por critérios humanitários e epidemiológicos, são isso mesmo – prioridades, não meta geral. Na forma como foi propostas as 3 fases no Brasil, depois ampliadas, dão um total de vacináveis de cerca de 70 milhões, algo perto de 33% da população quando teríamos que imunizar algo em torno de 80%.

Temos que considerar ainda que os vacináveis na fase emergencial exclui os menores de 18 anos, o que reduziria os vacináveis para cerca de 160 milhões. O problema é que os abaixo de 18 anos também pegam, adoecem e transmitem a doença, o que pode ser uma situação que vai cobrar um preço no futuro.

Por características da doença que atingia mais fortemente idosos e pessoas com determinadas morbidades e muito pouco crianças e adolescentes, a escolha foi a de se fazer pesquisas com adultos, também considerando razões legais e éticas. Ocorre que há indícios de que esse quadro está mudando com as novas variantes do vírus, com aumento de internação de jovens e crianças.

Também tem havido aumento da notificação de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica, com suspeita de que haja relação com a infecção pelo novo coronavírus. Pelo sim, pelo não, Israel já iniciou a vacinação de pessoas de 12 a 18 anos, sendo hoje o país disparadamente o mais avançado na imunização da população.

Aqui seguimos lentamente, com cerca de 11% da população com ao menos uma dose e 3,3% com imunização completa. Em quase 3 meses de campanha, 10% de imunização em duas doses se considerarmos apenas os grupos prioritários. Por esse motivo é que há preocupação crescente da OMS e de autoridades sanitárias e cientistas do mundo todo que enxergam o Brasil como perigo global pela capacidade de espalhar novas cepas do vírus e prolongar o estado de pandemia.

Que bom se esse alerta mundial servir para por fim ao governo que de fato é parte ativa no avanço da pandemia. Recusando isolamento, incentivando tratamentos inócuos ou mesmo perigosos e vacinando pouco, Bolsonaro segue na aposta insana, desde que a pandemia se instalou, de usar a doença para impor seu jogo político, transformando o negacionismo em demarcador de seu campo social, de sua base social de sustentação nas massas e nos setores mais apodrecidos das elites econômicas antipovo, entreguista e reacionária.

Vacina com lockdown ou seguiremos na rota da barbárie

NO BRASIL:

Registro de mortes hoje: 2.535
Total de mortes: 351.469
Média móvel de mortes nos últimos 7 dias: 3.025
Casos confirmados em 24 horas: 68.270
Casos acumulados na pandemia: 13.443.684
Média móvel de novos casos nos últimos 7 dias: 70.152
Casos ativos: 1,359 milhão
Em 81 dias de campanha, pessoas vacinadas: 23,090 milhões (10,90% da pop.)

Em segunda dose: 6,980 milhões de imunizados (3,30% da pop.)

NO MUNDO
Casos: 135,5 milhões
Óbitos: 2.940.600
1º – E U A: 574.8 mil
2º – Brasil: 351,5 mil
3º – México: 206,7 mil
4º – Índia: 168,9 mil
5º – Reino Unido: 127,1 mil
6º – Itália: 114 mil
7º – Rússia: 102,7 mil
Dados JHU (Johns Hopkins University).

É o que registra o diário de bordo.

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