Com a ascensão da ignorância e da baixeza de espírito ao poder, o pensamento já sucumbira há muito à sombra desse fenômeno político que mal pode ser descrito em palavras de tão vil e grotesco.
Que essa ascensão repercuta em cortes de verba em áreas que produzem ciências humanas é muito pouco surpreendente, para não dizer previsível, diante do ódio sobretudo à inteligência que marcou essas eleições.
A parcela mais significativa dos brasileiros escolheu por colocar no poder a representação do que há de mais tacanho na sociedade como louvação de sua própria mediocridade.
As ciências humanas, tendo como coluna a filosofia, é a área do saber que permite ao homem analisar o mundo e tornar a vida significativa.
Longe do processo produtivo que pretende tornar o homem uma máquina que trabalha, é o pensar que o eleva e enriquece a vida. Não há riqueza que se meça senão no tempo e recursos disponíveis para uma comunidade pensar e lidar com os temas elevados da vida e da existência.
Toda abundância visa exclusivamente a isso. E todo o resto é mesquinhez. O atual presidente da república alegar que os gastos públicos devem ir para setores “com ganhos imediatos para a sociedade”, excluindo daí tudo relacionado ao que faz o homem pensar, é um atestado da miséria abismal na qual fomos lançados, além de toda afinidade tirânica de tornar a sociedade um conjunto ainda mais adestrado de gado.
A resistência sempre foi do que ainda nos resta de delicadeza e profundidade intelectual.