Bolsonaro e a negação até o último momento

De negacionista a defensor do distanciamento: uma mudança tardia e arriscada

O presidente Jair Bolsonaro, ao autorizar uma campanha oficial sobre a importância do distanciamento social e do uso de máscara nas redes sociais, demonstrou, mais uma vez, que a ação do governo federal contra a pandemia foi tardia e repleta de contradições. Após a perda de 348.718 vidas, a postura negacionista que marcou seu governo desde o início cedeu, finalmente, a uma medida de conscientização – mas não sem antes deixar um saldo de morte e sofrimento incalculáveis.

O texto divulgado nos perfis oficiais do Planalto afirma que, apesar da vacinação avançar, é crucial continuar os cuidados com a prevenção da Covid-19. No entanto, a mensagem contrasta fortemente com as atitudes anteriores de Bolsonaro, que ridicularizou as medidas de distanciamento e o uso de máscaras, além de se opor a lockdowns e outras restrições durante os piores momentos da crise. A falta de ações concretas e a constante ironia sobre a pandemia, somadas à demora em tomar qualquer providência, resultaram em uma tragédia humana sem precedentes.

A campanha oficial, que agora tenta pregar a responsabilidade de todos no combate à Covid-19, surge em um contexto onde a pressão sobre o governo aumentou. A instalação da CPI da Covid no Senado, que visava investigar a gestão da pandemia, parece ter sido o gatilho para a mudança de postura de Bolsonaro. A verdadeira questão, no entanto, é se essa virada de discurso é genuína ou apenas uma tentativa de amenizar a crise política que se desenrolava à sua volta.

Enquanto isso, os números da pandemia seguem alarmantes. O Brasil alcançou 348.718 mortes e mais de 13 milhões de casos acumulados. Em apenas um período, foram registrados 3.693 óbitos e 93.317 novos casos, refletindo a gravidade da situação e a ineficácia de um governo que demorou demais a adotar medidas preventivas efetivas. A pergunta que fica no ar é: até quando a administração federal vai resistir a adotar ações mais contundentes, como o lockdown, que já se mostraram essenciais em outros países para o controle do vírus?

A moral da história é clara: diante do risco de uma catástrofe maior, até mesmo as posturas mais intransigentes são alteradas. E, como diz o ditado, “com fogo no rabo, até bicho preguiça corre”. Contudo, a tragédia que se desenrolou até aqui é irreversível, e o sofrimento causado pela negligência governamental continuará a assombrar o Brasil por muito tempo.

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