Impressionante, pior terça-feira da pandemia.

Vivemos um momento crítico da pandemia com os efeitos agravados pelo colapso da rede de saúde em larga escala, atingindo em algum grau praticamente todos os estados.

Hoje, 6 de abril de 2021, foi mais um recorde-macabros: 4.211 de mortes por Covid-19 em 24 horas totalizando 337.364 óbitos acumulados. Em um dia também há 82.869 casos chegando ao total desde o inicio da pandemia em 13.106.058 novos casos do novo coronavírus.

O Brasil chega ao número de mortos que poderia ser evitado se houvesse uma política-médica de combate a Covid-19 determinado e comandado por um governo-democrático. Mas não há. Não há governo democrático. E, sim, um desgoverno em que o filho do inquilino do Palácio do Planalto, cospe na mãe enquanto os mortos se avolumam distante da concepção cristã de vida.

Enquanto isso, Bolsonaro continua desfilando pelo Brasil mentindo e fazendo propaganda de Kit Cloroquina. Demonstração de que é aço puro em questão de mudança-humana-existencial.

E o impeachment nada!

A frase “Todos pelas vacinas” é vista no Sambódromo de São Paulo.AMANDA PEROBELLI / REUTERS

De certo modo a primeira onda da pandemia, com um longo período de índices altos, como se dizia na época, um platô em vez de um pico da doença, acabou por dimensionar a capacidade de atendimento do sistema de saúde, inclusive da rede privada. Diversos centros urbanos importantes passaram por momentos críticos na primeira onda e foram obrigados a se reestruturar.

Acontece que a pandemia mudou. A completa interiorização com expansão para todo território nacional que causou mudança no padrão de transmissão entre populações, o abaixar da guarda de governantes quanto ao controle dos contágios, a crescente perda de adesão social das medidas, uma sequência de eventos que aumentaram a circulação do vírus, como férias de verão, eleições e festas de fim de ano fez explodir o número de novos casos.

Também concorreu para o agravamento o aparecimento de novas cepas do vírus que se mostrara mas agressivos no contágio e no agravamento do curso da doença com sintomas mais agudos e evolução mais célere, além de ser mais letal em pessoas mais jovens, sendo cada vez mais comum o relato de óbitos quase simultâneos de idosos e jovens de uma mesma família.

A saúde brasileira pede socorro.

A tudo isso se soma a crise do sistema hospitalar que passa a ostentar falta de leitos, insumos e equipes, aumentando ainda mais a mortalidade que, mesmo em condições mais próximas do ideal em termos de dimensionamento da capacidade de atendimento, seria muito elevada. Em outras palavras, o número de pessoas que adoecem aumentando e o vírus sendo mais letal, já elevaria o número de mortes, que aumenta ainda mais pela capacidade de atendimento inferior à demanda atual.

Destaco no item capacidade de atendimento, além do número de leitos, a falta de fluxo de insumos que vai dos medicamentos necessários para intubação até oxigênio. Também tem a carência de profissionais especializados causada pela constantes baixas de atingidos pela própria doença ou impactados pela sobrecarga de trabalho.

Evidente que no quadro que estamos somente se reverteria pela decretação de um lockdown nacional balanceado e articulado com as diversas realidades regionais e com a intensificação imediata e em grande escala da vacinação. Economistas pedem ‘lockdown’ contra “falso dilema” entre salvar vidas e desempenho econômico. Foram mais de 1.500 assinaturas em carta manifesto de banqueiros propondo essas medidas, tamanho é o grau de consenso sobre o tema.

Entendo como muito positiva a iniciativa desse manifesto, até mesmo por se tratar de representantes do sistema financeiro e não de economistas de esquerda ou progressistas, o que dá conta do tamanho do isolamento de Bolsonaro. A carta traz até menção a necessidade do auxilio emergência como forma de sustentar os processos de isolamento social e amortecer a crise financeira. Quem diria?

Enquanto isso, no mundo real, mais recorde infelizes. Média móvel de novos casos acima de 75 mil, o que é inédito. A média móvel de óbitos subindo ininterruptamente há 24 dias a já é o sétimo dia que está acima de 2 mil. Se considerarmos as mortes dos últimos 15 dias temos média diária acima de 2 mil, são 30.185 mortes registradas nesse período. A vacinação segue patinando na pior terça-feira da pandemia.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.