Como todo governo de configuração totalitária, o delírio bolsonarista forma vítimas suscessivas, erráticas, inesperadas.
Entre aliados e inimigos, todos são potencialmente inimigos. A dinâmica de gerar um caos atrás do outro é um modo de governo terrorista, uma técnica de poder, que normaliza o absurdo chocando a comunidade com um absurdo ainda maior.
Se já era bizarro perder um ministro da saúde (e da justiça) em meio à pandemia, imagina dois. Em meio ao surrealismo, as palavras já não descrevem com precisão os fenômenos nem contemplam profeticamente o futuro. O tempo se dilata. Parece que envelhecemos anos em apenas um ano e alguns meses de gritos e ranger de dentes.
Infelizmente quanto mais caos, mais à vontade se torna o bolsonarismo, pois, cada vez mais parece que não importa a profundidade do abismo, o líder não cai.
É verdade que se houvesse dignidade na política brasileira, essa ideologia sequer teria ascendido ao poder. Ainda assim, a falta de compromisso das instituições brasileiras com a democracia se revela ao deixarem o tirano encorpar-se, tornando-se cúmplice do terror até com ele se confundir.
A dignidade do Congresso está altamente comprometida a cada instante que tarda em por um basta nesse mal.