Como o privilégio dos parlamentares reflete a desigualdade no acesso à saúde no Brasil, e como a população arca com os custos da escolha dos políticos pela exclusividade e luxo dos hospitais privados.
No Brasil, os deputados federais têm direito a um plano de saúde bancado pela Câmara dos Deputados. Além disso, qualquer gasto que o plano não cubra é reembolsado, permitindo que os parlamentares escolham onde querem ser atendidos, sem nenhum custo extra para si. Esse privilégio ficou evidente recentemente, quando o candidato inominável, após ser atendido inicialmente na Santa Casa de Juiz de Fora, onde teve sua vida salva pelos médicos do SUS, pediu transferência para o hospital particular Albert Einstein, em São Paulo.
Apesar do trabalho árduo feito pelos médicos do Sistema Único de Saúde (SUS), que garantiram sua sobrevivência, o deputado não hesitou em buscar um tratamento de luxo, optando por um hospital da elite econômica paulistana, o Albert Einstein. O hospital entrou em uma disputa com seu rival, o Sírio Libanês, para determinar quem ficaria responsável pelos cuidados pós-operatórios do político, além de oferecer hotelaria e requinte que atendem aos altos padrões da classe dominante.
Essa competição nos bastidores dos hospitais privados, que representam o ápice da exclusão na saúde, não se limitou apenas à disputa de quem daria o tratamento mais luxuoso. O deputado escolheu o Albert Einstein, alegando que outros políticos de peso, de diferentes partidos como PT, PSDB e PMDB, já haviam sido atendidos no Sírio Libanês, e ele queria se “diferenciar”. Além disso, o desejo de agradar à comunidade judaica, que administra o hospital no Morumbi, também pesou em sua decisão.
Entretanto, como é comum entre muitos de seus colegas, o deputado se distanciou da realidade dos cidadãos brasileiros que dependem do SUS. Em vez de se manter no hospital onde médicos anônimos, mas comprometidos, salvaram sua vida, ele optou por ser atendido em um hospital particular, demonstrando total desrespeito pela saúde pública. E quem arcará com o custo da UTI aérea, da hotelaria luxuosa e dos cuidados de primeira classe será você, contribuinte. Enquanto isso, milhões de brasileiros sequer conseguem medicamentos nos postos de saúde, deixando claro o abismo existente entre o tratamento de políticos e o que é oferecido ao povo.
Este episódio ilustra a hipocrisia do sistema de saúde no Brasil: enquanto os políticos desfrutam dos melhores serviços privados, a população continua à mercê de um SUS sobrecarregado, com dificuldades em receber atendimento de qualidade. O luxo e a exclusividade para alguns não podem mascarar a realidade de milhões de cidadãos que lutam para garantir o mínimo em saúde.