A irresponsabilidade política do PT e o risco de fortalecer a extrema-direita

Em um cenário onde a polarização política no Brasil se intensifica a cada eleição, a postura do PT frente à sua candidatura à presidência revela uma estratégia que coloca os interesses partidários acima da proteção das minorias e das populações mais vulneráveis.

Desde a prisão de Lula e o golpe de 2016, o Partido dos Trabalhadores (PT) tem adotado uma tática de resistência política que visa retomar o poder pelas vias democráticas, mesmo ciente das dificuldades que enfrentaria nas urnas. O partido, munido de um vasto arsenal de análises estatísticas, sabia que suas chances de vencer em um cenário eleitoral contra a extrema-direita eram mínimas. No entanto, preferiu seguir adiante com sua agenda política, ignorando as evidências de que sua participação no pleito poderia resultar, inevitavelmente, no fortalecimento da candidatura de Jair Bolsonaro, o “inominável”.

Ao optar por seguir em frente, mesmo sabendo que sua derrota poderia pavimentar o caminho para a ascensão de uma agenda fascista, o PT demonstrou, mais uma vez, que prioriza seu protagonismo político em detrimento da segurança das populações mais vulneráveis. A insistência em ser o partido protagonista, mesmo da derrota, reflete a lógica de que o partido se sobrepõe aos interesses da sociedade. Para o PT, a narrativa de um “líder incorruptível” parece ser mais importante do que a proteção de quem, claramente, será mais afetado por uma possível vitória da extrema-direita.

Em vez de reconhecer o momento histórico e dar um passo atrás para viabilizar uma alternativa mais viável, o PT decidiu seguir sua estratégia, que, segundo especialistas, poderia resultar em mais danos a quem menos precisa dessa experimentação política. A decisão de seguir em frente com uma candidatura em cenário tão desfavorável coloca em risco a vida de minorias desamparadas, que seriam as primeiras a sofrer com um governo de extrema-direita. O partido, ao insistir em sua trajetória, acaba sendo responsável pela continuidade de um ciclo que intensifica as desigualdades e aumenta o risco de violência para esses grupos.

O PT, portanto, pode ser visto como responsável por colocar em risco as vidas daqueles que não têm a escolha de “não votar”. Em uma análise ética mais profunda, isso pode ser compreendido como uma responsabilidade coletiva, pela qual o partido deveria ser responsabilizado por sua opção de manter uma candidatura que sabia ser prejudicial para o país. A lógica de responsabilidade coletiva é bem estabelecida no direito, que reconhece a causalidade alternativa, ou seja, a possibilidade de um ato de omissão causar danos previsíveis em função das circunstâncias do momento.

Ao continuar sua candidatura, o PT, ao invés de se colocar como um partido em prol da justiça social e da proteção dos desamparados, torna-se cúmplice de um processo político que pode, de fato, culminar na vitória de um governo que representa os interesses da elite e das forças reacionárias do país. Esse cenário não apenas enfraquece a democracia, mas também potencializa ainda mais a paranoia da extrema-direita, criando um ciclo vicioso de polarização e violência.

Em última análise, o PT deveria ter dado um passo atrás, reconhecendo sua responsabilidade política e apoiando outro partido que pudesse oferecer uma alternativa real ao avanço da extrema-direita. Isso não significaria a extinção do PT, que continua a gozar de apoio considerável no legislativo, nos estados e prefeituras, mas sim uma atitude ética que colocasse o bem-estar dos mais vulneráveis acima da vaidade partidária e da busca pelo poder a qualquer custo.

O partido teria se elevado eticamente, demonstrando que sua principal preocupação não era com a manutenção de seu prestígio, mas com a proteção daqueles que mais precisam. Infelizmente, a história parece caminhar na direção contrária, com uma irresponsabilidade atroz que põe em risco a democracia e a vida de muitos cidadãos.

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