O respeito à autonomia e à singularidade do paciente deve ser a base da prática médica, promovendo uma abordagem que considere a pessoa como um ser único, em vez de apenas tratar uma doença
A prática médica, em sua essência, deve ser orientada por uma ética que valorize, acima de tudo, o paciente como um sujeito único e irrepetível. O olhar do médico, ao tratar alguém, não deve ser puramente técnico ou diagnóstico, mas deve sempre carregar um componente ético profundo, onde a doença é vista não apenas como um conjunto de sintomas, mas como parte de uma narrativa pessoal e histórica. Cada paciente, com sua vivência e experiências, traz consigo uma história que vai além do diagnóstico clínico.
Esse olhar ético exige que o médico reconheça o paciente como o verdadeiro protagonista de sua própria cura. Mesmo em situações de urgência, onde o tratamento é imediato, a perspectiva médica não pode desconsiderar a importância do paciente no processo de cura. O médico, portanto, deve atuar como facilitador ou guia, inspirando e engajando o paciente a participar ativamente de seu próprio tratamento, respeitando sua autonomia e suas escolhas.
A ética médica, nesse contexto, repousa sobre uma postura não invasiva, onde o profissional da saúde se aproxima do paciente com respeito e sensibilidade. O médico bate na porta da intimidade do paciente sem a intenção de invadir ou subverter a sua vontade, mas com o objetivo de abrir caminhos para o tratamento, sempre mantendo em mente que a saúde é uma construção do paciente, e não algo que lhe é imposto de fora para dentro.
Essa abordagem ética se fundamenta na alteridade, no reconhecimento da totalidade do outro como um ser distinto e valioso, com suas próprias percepções e decisões. O médico deve ser, portanto, um referencial externo que oferece ao paciente as informações e o conhecimento necessários para que ele possa fazer escolhas mais saudáveis para sua vida, levando em consideração sua plena consciência, vontade e singularidade.
Em suma, a medicina deve ser uma prática fundamentada no respeito à autonomia do paciente, na valorização de sua história e na promoção de um engajamento ativo com sua saúde. O médico, nesse sentido, não é um mero executor de tratamentos, mas um facilitador da jornada de cura de um ser humano que deve ser respeitado em sua individualidade e dignidade.