Enquanto o Brasil registra recordes trágicos de mortes e novos casos, a política de negacionismo segue influenciando a condução da crise.
O Brasil vive uma das fases mais dramáticas da pandemia de Covid-19, com recordes consecutivos de mortes e novos casos. Em um cenário de colapso na assistência à saúde e uma vacinação ainda lenta, o discurso negacionista do governo Bolsonaro, impulsionado por figuras como o ministro Onyx Lorenzoni, continua a ser um obstáculo significativo para o combate à doença. Em entrevista à Rádio Jovem Pan, Lorenzoni tentou desviar a responsabilidade da crise ao sugerir que o vírus poderia ser transmitido por insetos e animais, uma afirmação desprovida de fundamento científico, mas que ressoa com os argumentos da base bolsonarista.
Enquanto isso, a pandemia no Brasil segue descontrolada. São Paulo registrou um novo recorde de 1.193 mortes em um único dia, elevando a média móvel de óbitos para 557, quase o dobro do pior pico da primeira onda. Estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul também apresentaram números alarmantes. A mortalidade da doença, combinada ao colapso do sistema de saúde, tem levado muitas pessoas a morrer antes de ter acesso a cuidados médicos adequados, como UTIs e leitos hospitalares.
A única luz no fim do túnel seria a campanha de vacinação, que começou há 66 dias. No entanto, o ritmo lento e a priorização de grupos mais vulneráveis, como os idosos acima de 75 anos, têm dificultado um impacto significativo na redução dos óbitos. Até o momento, apenas 7% da população foi vacinada, um número ainda distante do ideal. Enquanto isso, países como o Reino Unido, que vacinaram uma parte significativa de sua população, estão experimentando uma queda expressiva na média de mortes diárias.
O discurso negacionista, no entanto, segue firme. Onyx Lorenzoni, que ocupa um cargo de alta relevância no governo, desvia a atenção das verdadeiras medidas necessárias para o combate à pandemia. Ao falar sobre a transmissão do vírus por insetos, ele não apenas ignora a ciência, mas também alimenta teorias sem fundamento, comuns em grupos que distorcem a realidade para se manterem em sua posição política. Essa retórica tem encontrado eco entre a base de apoio de Bolsonaro, que continua a se opor a medidas de contenção eficazes, como o lockdown e o isolamento social.
O impacto dessa postura é devastador. Enquanto o Brasil se afunda em uma das piores crises sanitárias do mundo, a falta de um plano claro e a constante desinformação geram um círculo vicioso de medo, desconfiança e mortes. Bolsonaro, mesmo diante de números catastróficos, segue em sua linha negacionista, adotando uma postura de confronto com a ciência e buscando se apropriar de vitórias como a vacina, em um movimento tático para preservar sua base.
Porém, é fundamental que a sociedade civil, os cientistas e todos os setores progressistas não aceitem passivamente esse jogo. A crise é real, e as consequências da falta de ação podem ser irreparáveis. O desgaste do governo parece iminente, e a velocidade com que a situação piora pode gerar uma mudança significativa no panorama político. No entanto, é necessário manter a vigilância, pois a capacidade de manipulação do governo e a persistência do negacionismo ainda são grandes obstáculos a serem superados. A verdade científica deve prevalecer, e a luta pela vida deve ser o foco de todos.