Pensando em epistemologia

Da mesma maneira que Guimarães Rosa disse no conto “O Espelho” sobre a intuição ser um ponto fecundo para a ciência, pode-se inferir que a linguagem pode ser um ponto fecundo para a filosofia.

A elucidação dessa afirmativa pode ser melhor atingida a partir de ilustrações narrativas: imagine um caso em que intui-se como possível causa da queda de um corpo a ação de uma força estranha.

Mediante essa afirmativa, promovem-se pesquisas e dados estatísticos em prol da hipótese inicial, os quais suscitam novas constatações e teorias (nessa situação, poderia ser a teoria da gravidade, a qual promoveria acelerações homogêneas dos corpos e os atrairia para o centro da terra, ou seja, para baixo).

Nesse caso, houve a transcendência de uma intuição para questões prováveis, considerando-as científicas a partir da sequência de ações metodológicas cabíveis.

Contudo, não haveria qualquer ação se não houvesse uma intuição e, da mesma maneira, transcendemos constantemente as discussões linguística e aparentes para questões de correlações e de aspirações por verdades mais reconfortantes, lógicas e lexicalmente precisas, ou seja, para questões filosóficas.

Um exemplo, inclusive metalinguístico, estaria na explanação do próprio epigrama que utilizei no início desse texto.

Percebe-se que não afirmei que a intuição e as discussões linguísticas são os únicos pontos fecundos da ciência e da filosofia respectivamente, nem que são deletérios entre si, mas sim que são apenas um dos elementos fecundos, não descartando o fato da intuição também poder servir para a filosofia e da linguística também poder servir para a ciência.

Enfim, essa seria uma questão semântica relacionada à linguagem. Nesse caso, eu evidenciei apenas uma correlação conspícua daquelas atitudes com estes campos do intelecto e, a partir dessa diferenciação linguística, começam a suscitar outras questões como: quais são os outros pontos fecundos da ciência e da filosofia e como elas se inter-relacionam?

Como a intuição serve para a filosofia e como a linguística serve para a ciência? Será que a intuição também não dita questões linguísticas? Qual o limiar entre ciência e filosofia? Podemos fazer comparações entre esses campos do conhecimento? Podemos separá-los?

Enfim, questões que desdobram-se a uma discussão de cunho filosófico. Mediante o fato, acredito que o exemplo, mesmo que tautológico, corrobora a dita tese inicial, a qual, entretanto, ainda não decidi se é mesmo filosófica ou talvez – quem sabe? -científica.

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