O fim dos tempos, o Apocalipse

Algumas metáforas bíblicas são bem interessantes, em que pese as más interpretações sobre ela pelos coronéis da fé. Uma delas, bem compatível com esse momento que vivemos com o novo coronavírus, é a das dez pragas de Javé sobre o Egito para libertação do povo de Israel. Mais especificamente a décima praga: a morte do primogênito.

Muitos estudiosos como Siro Trevisanato e John S. Marr buscam uma explicação não apenas simbólica mas material para os poemas do livro de Êxodo que descrevem as pragas.

As teorias vão de erupções vulcânicas a proliferação de algas vermelhas. Mas todas concluem que a décima e última praga era uma peste, de etiologia ainda não definida.

Embora desconhecida, a peste tinha uma única orientação para proteção do povo de Israel, pintar as portas com o sangue de um cordeiro, não trabalhar e não sair de casa.

É uma metáfora da prevenção. Não é a única na Bíblia. Nos cânticos de Isaias, capítulo 26, verso 20 diz: “Vem, povo meu, entra nas tuas casas, e fecha as tuas portas sobre ti; esconde-te só por um momento, até que passe a praga”.

Era uma constante na cultura judaica a prevenção por quarentena para escapar das grandes moléstias, e numa época em que não se tinha conhecimento das descobertas de Pasteur, dos microorganismos ou pandemias.

As doenças súbitas eram tão somente o Mal na Terra, e as medidas de prevenção eram a orientação última de “Deus”, justamente pelo imperativo e necessidade de cumprimento geral imediato.

Funcionou, o povo judeu é um povo sobrevivente de inúmeras tentativas de extermínio.

No entanto, hoje, em vã tolice, vã teimosia, há aqueles que são arrogantes ao ponto de se considerarem acima de “Deus”, acima da sabedoria, que agem como se fossem faraós intocáveis.

Foi a vaidade, arrogância e teimosia de Faraó que afinal o destruiu. “Seu coração se petrificou”. E obviamente é sobre essa tolice que um poema de 3500 anos falava e que se repete tão tragicamente (ou profeticamente) hoje com os incautos nas ruas.

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