O renascimento do verdadeiro rei

O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, anulou nesta segunda-feira (8) todas as condenações do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva pela justiça federal no Paraná, relacionadas as investigações da Lava Jato, o que inclui a ridícula história do Sitio em Atibaia, porém Lula se torna elegível novamente depois da anulação feita pelo Fachin

Não deve haver dúvidas, diante do esfacelamento da Lava Jato, que Lula foi vítima de poderosa perseguição política e ideológica de metodologia inédita no sistema judiciário. Aos poucos, a narrativa inconstitucional sobre sua pessoa perdeu força e vigor para manter sentença absurda e constrangedora para os padrões democráticos.

Igualmente indubitável é a fissura na própria democracia que tal perseguição impôs, criando cenário para um impeachment de Dilma Rousseff sem crime de responsabilidade e para a suspensão do candidato mais popular de 2018. Essa fissura abriu as portas do inferno para o crescimento do Bolsonarismo e o que há de mais nefasto, perverso e repugnante na política moderna: o nazifascismo em suas variadas formas.

Provavelmente tal ruptura nos custou décadas de direitos arduamente conquistados, regressão econômica, contaminação política pela cúpula militar, fortalecimento das milícias e do crime organizado, bem como mais de 250 mil vítimas – e contando – numa pandemia, com 80% de mortes evitáveis, gerida da forma mais assassina que um governo poderia conceber.

É sim desejável novos quadros políticos de esquerda no Brasil, mas uma vitória eleitoral de Lula seria sem hesitar uma resposta à altura da sana antidemocrática e golpista que assolou esse país de 2014 para cá.

Embora a justiça esteja longe de ser cumprida apenas com a derrota eleitoral de Bolsonaro diante de seu principal inimigo político, pois ele precisa ser julgado pelos crimes que cometeu, certamente seria o início da vergonha histórica que o assombrará pelo resto da sua miserável vida.

A luta pela anulação do processo contra Lula não é por ser petista, é pela defesa do mínimo num sistema jurídico de liberdades democráticas: ninguém deve aceitar, nem para si nem para os outros, a violação do devido processo legal em nome de interesses escusos. Lula tinha direito a julgamento idôneo, sem processos encaminhados a toque de caixa pra removê-lo de uma disputa. Dito isto, está é a hora de mostrar na prática que essa defesa não significa necessariamente apoio político a seu projeto.

Não importa quem será candidato em 2022, a luta contra o projeto de conciliação de classes precisa ser sem tréguas (melhor seria se Lula e o PT se convencessem disso).Foi esse projeto que nos trouxe até aqui.

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