O dialogo sobre a chamada ‘xepa da vacina’

A ‘xepa da vacina’ é uma estratégia de utilização do “resto” da vacina. Os frascos possuem dez doses da vacina e após a abertura, devem ser aplicadas em tempo previsto (validade) – A vacina do laboratório AstraZeneca deve ser utilizado as dez doses em até seis horas, já as do Instituto Butantan, no início fora produzido frascos de unidoses, porem agora são frascos com dez doses e devem ser aplicadas em seis horas também.

Então vamos pensar juntos? Se cada frasco possui dez doses, e a população prioritária, conforme cronograma de vacina, ainda não esta vacinada, o que determina disponibilizar o ”resto”?

Alguns municípios decretaram liberar as “sobras” dos frascos, e as unidades de saúde podem organizar uma fila de interessados. Porem, sabendo que não teremos vacinas para todos, como podemos considerar essa medida? Uma estratégia de imunização justa? Econômica? (uma vez que prevê o não desperdício de vacinas).

Chamamos de complexo o assunto, porque ele é. Disponibilizar os restos dos fracos no final de expediente é uma forma muito bacana de não desperdiçar e imunizar mais pessoas, porém, será que não é possível construir estratégias que garantam a equidade? Mesmo com as “sobras”.

Atualmente a prefeitura de São Paulo determinou a ‘xepa da vacina’, definiram alguns grupos prioritário, para além da idade, na ‘xepa’ podem ser vacinados pessoas a partir de 60 anos e algumas categorias profissionais. Vale lembrar que os professores continuam sem perspectiva de imunização.

Anterior a São Paulo, o Rio de Janeiro também iniciou a ‘xepa da vacina’, porem essa medida gerou inúmeras denuncias junto ao Ministério Público (procedimentos administrativos, inquéritos civis e até procedimento investigatório criminal), isso ocorreu por falta de transparência na disponibilização das doses sobrantes no final do expediente de cada unidade de saúde.

Vale colocar que essa medida pode ocasionar aglomerações nas unidades de saúde. Todos nós queremos ser vacinados, e lutamos pela.

Vivenciamos o medo, o desemprego, o luto, a fome e tantas outras expressões de forma intensa. A vacina hoje é a ÚNICA maneira de vencer a pandemia, e o poder público vem negligenciando cotidianamente, fato que fomenta diversas expressões da questão social (violência, fome, desemprego, discriminações/preconceitos).

A sanitarista e epidemiologista Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), sugere algumas medidas que poderiam auxiliar as prefeituras, e não utilizar a medida ‘xepa da vacina’: “expandir o horário do atendimento dos postos de saúde, cadastrar as pessoas que não tem condição de chegar às unidades de vacinação, utilizar veículos de outros órgãos públicos como corpo de Bombeiros e do próprio Samu para que as equipes de saúde possam visitar os domicílios, melhorar a comunicação explicando muito claramente quais são os lugares de vacinação, como deve ser o cadastramento das pessoas e revisar o agrupamento no calendário”.

Comunicar é preciso, informação popular é garantia de direitos humanos!

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