Enquanto o debate sobre a distribuição da vacina avança, a falta de medidas efetivas e a postura irresponsável das autoridades agravam a crise sanitária no Brasil.
A Câmara Municipal de São Paulo está prestes a aprovar, em segunda e definitiva votação, um Projeto de Lei que recomendará quais categorias de trabalhadores devem ter prioridade na vacinação contra a Covid-19. No entanto, mesmo que a definição das categorias prioritárias seja um passo importante, ela não resolve o maior problema: a falta de vacinas para todos os paulistanos, paulistas e brasileiros. A realidade é que estamos vivendo uma crise sanitária sem precedentes, e o simples ato de escolher quem será vacinado primeiro não é suficiente para proteger a população.
Infelizmente, o cenário é ainda mais grave, pois temos um presidente da República que é irresponsável e negacionista, e governadores e prefeitos que, embora muitas vezes também falhem em suas funções, estão tentando se manter no poder enquanto enfrentam pressões contraditórias e decisões judiciais conflitantes. No meio disso tudo, o Brasil continua a registrar mais de 3 mil mortes diárias, enquanto o sistema de saúde ameaça colapsar. Em vez de tomar medidas impopulares e necessárias, como o lockdown emergencial, muitos governantes preferem se submeter à pressão da opinião pública e fazer promessas de recuperação econômica, enquanto o povo brasileiro sofre com a morte de milhares de pessoas.
A questão da priorização da vacinação é, sem dúvida, um debate importante. Algumas categorias, como trabalhadores da saúde, profissionais de segurança pública e outros serviços essenciais, têm a justificativa de estarem na linha de frente da pandemia e, portanto, merecem ser protegidos. No entanto, o Brasil vive uma situação em que todos deveriam ter acesso à vacina de forma imediata, sem distinção. O problema é que a escassez de vacinas torna impossível vacinar todos os brasileiros de uma só vez, e, assim, a definição de prioridades torna-se uma questão de gestão difícil e dolorosa.
Além disso, há um aspecto curioso nesse processo legislativo: a votação do Projeto de Lei que trata da priorização da vacinação foi interrompida por duas semanas, enquanto os vereadores observavam o feriadão de isolamento social decretado para combater a pandemia. O que é notável, no entanto, é que, mesmo sem a certeza de que há vacinas suficientes para atender a toda a população, os vereadores estão pressionando para concluir essa votação. Para isso, estão utilizando uma estratégia questionável: ao substituir o texto original de um projeto aprovado na primeira votação por uma nova proposta, estão atropelando o regimento e levando a cabo uma alteração sem a devida reflexão e transparência.
A situação é complexa e revela a desconexão entre as ações políticas e a realidade da crise. Enquanto os vereadores se apressam para decidir quem deve ser vacinado primeiro, o que realmente se espera é que o poder público consiga garantir mais vacinas, mais auxílio para as famílias que necessitam de ajuda e, sobretudo, mais eficácia e sensibilidade para lidar com a gravidade da situação.
O país precisa de ação concreta para salvar vidas. A prioridade deve ser a vacinação em massa e a implementação de medidas de contenção eficazes, como o lockdown emergencial, para evitar mais mortes e mais sofrimento. O momento exige um governo que priorize a saúde e o bem-estar da população, e não o jogo político ou o discurso vazio de retomada econômica.