Drogas

A impressão que tenho é de que o conceito de droga às vezes está acoplado ao seu usuário. Se a substância for utilizada para o trabalho, pode ser remédio, se for utilizada para fins recreativos, é necessariamente droga. Entretanto, preciso dizer para os leitores que, para a maioria das substância, essa divisão acaba sendo um pouco arbitrária e, muitas vezes, o mesmo princípio ativo carrega as duas denominações dependendo do contexto.

Apesar desse ponto, uma outra reflexão surge a partir da observação de que determinado elemento poder ser inferiorizado apenas por ter fins recreativos. Notamos, assim, que a recreação, de alguma forma, é vista necessariamente como menos útil do que o trabalho, podendo até mesmo ser condenável. E de onde as pessoas tiram isso?

De certa forma, os seres humanos em nossa sociedade acabam adquirindo mais valor quando se anulam, quando estão sofrendo por alguma situação que os impedem de ser espontâneos. De fato, vivemos numa ordem da heteronomia, em que cada um deve fazer aquilo que não acha agradável para ter mais legitimidade.

A fonte disso é difusa, mas a ordem, para mim, só pode provir de indivíduos que possuem a necessidade social de deprimir o outro. No fundo, estão numa busca por igualdade, em que a depressão mútua acaba fazendo com que cada um se sinta um pouco melhor com a própria tristeza.

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