O risco de transmissão de HIV: A verdade sobre relacionamentos sorodiscordantes

Os dados científicos demonstram que o risco de transmissão do HIV em relacionamentos sorodiscordantes é significativamente menor do que se imaginava

A informação que circula sobre o HIV e a transmissão do vírus tem sido alvo de muitos mitos e mal-entendidos, especialmente quando se trata de relacionamentos entre pessoas soropositivas e soronegativas. Um conceito fundamental que muitos ainda não compreendem corretamente é que, com o tratamento adequado e carga viral indetectável, o risco de transmissão do HIV entre parceiros sorodiscordantes é praticamente inexistente. Este conceito é respaldado por estudos e análises que colocam em evidência a importância de aderir ao tratamento e à prevenção.

O estudo mais recente sobre casais sorodiscordantes, realizado pela Universidade de Londres em 2016, trouxe à tona resultados reveladores. A pesquisa acompanhou 888 casais durante dois anos, e, apesar de o vírus ser tratado e controlado adequadamente, foram observadas 11 soroconversões (casos de infecção). No entanto, a análise genética do vírus demonstrou que esses casos de soroconversão não correspondiam ao HIV do parceiro tratado, mas sim de relações extraconjugais. Isso significa que, no contexto de um relacionamento em que um dos parceiros é soropositivo com carga viral indetectável, o risco de infecção é praticamente zero, desde que haja adesão ao tratamento.

Em contraste, o risco de transmissão em casais em que ambos são supostamente soronegativos, mas em que há comportamentos de risco, como relações extraconjugais, é muito mais elevado. De acordo com dados sobre comportamento sexual, cerca de 33% das pessoas podem se envolver em relações extraconjugais, e, nesses casos, a possibilidade de transmissão do HIV ocorre se o parceiro envolvido não tiver conhecimento de que a outra pessoa é soropositiva ou não esteja se protegendo adequadamente. Em outras palavras, o risco de contrair HIV de um parceiro supostamente soronegativo é, na realidade, mais alto do que o risco de contrair HIV de um parceiro soropositivo que está em tratamento antirretroviral com carga viral indetectável.

Essa realidade evidencia a importância da educação e da conscientização sobre a eficácia do tratamento e a adesão contínua ao regime terapêutico. Além disso, desafia as ideias preconceituosas e errôneas que muitas vezes cercam os relacionamentos entre pessoas seropositivas e soronegativas, reforçando que o preconceito em relação aos portadores do HIV deve ser combatido.

Portanto, o risco de contrair HIV de um parceiro soropositivo, quando este segue um tratamento antirretroviral eficaz e tem carga viral indetectável, é praticamente inexistente, enquanto o risco de transmissão em relacionamentos entre pessoas supostamente soronegativas que mantêm comportamentos de risco é muito maior. A desinformação e o estigma em torno do HIV precisam ser combatidos com base em evidências científicas para que se construa uma sociedade mais inclusiva e consciente das realidades que envolvem a transmissão do vírus.

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