Reflexões sobre a superficialidade de uma tese que ignora a complexidade do conhecimento
A ideia de que um aluno só pode se destacar em uma disciplina específica, como a matemática, à custa de um desempenho inferior nas demais áreas, reflete uma visão simplista e reducionista da educação. Ao cogitar essa hipótese, o indivíduo demonstra não apenas preconceito, mas também uma clara falta de compreensão sobre a natureza multidisciplinar do aprendizado e a verdadeira função do ensino.
Primeiro, é importante entender que uma hipótese como essa só pode ser formulada por alguém com uma visão limitada e, possivelmente, um desempenho acadêmico abaixo da média. Quem pensa dessa forma provavelmente não conseguiu perceber que o aprendizado não deve ser visto como uma competição entre disciplinas, mas sim como um processo integrado. A ideia de “só estudar matemática para ir bem nela” é uma falácia, pois desconsidera o fato de que o domínio de uma área do conhecimento não precisa ser feito à custa do entendimento de outras. Pelo contrário, a interdisciplinaridade é um dos pilares fundamentais para a formação crítica e holística do indivíduo.
Além disso, a crítica à ideia de “perda de desempenho” em disciplinas como filosofia ou sociologia por conta da maior dedicação às exatas revela um preconceito ainda mais profundo. Muitas vezes, disciplinas humanísticas e sociais são negligenciadas em favor das áreas de exatas, como se essas fossem as únicas realmente “úteis” ou “importantes”. Essa hierarquização arbitrária do valor do conhecimento é, em si, uma falácia. O estudo das ciências sociais, da filosofia, da história e da literatura não só complementa a formação de um aluno, mas também é essencial para o desenvolvimento de sua capacidade crítica, ética e de compreensão do mundo.
A ausência de disciplinas que ensinem o aluno a refletir sobre sua própria posição no mundo, a compreender as questões sociais e a desenvolver um pensamento crítico, é um erro grave no currículo educacional. A ideia de que “não se deve perder tempo” com esses temas enquanto se foca em áreas técnicas ou matemáticas é uma mentalidade reducionista, que desvaloriza as dimensões humanas e culturais do conhecimento.
Quanto à crítica ao autor da tese, o senhor Sachsida, é razoável supor que alguém com uma visão tão distorcida da educação provavelmente teve dificuldades para compreender a importância das áreas não-exatas. Não se trata apenas de “tirar boas notas”, mas de reconhecer a interdependência entre as diferentes áreas do saber e a importância de formar indivíduos capazes de pensar criticamente sobre sua realidade e o mundo ao seu redor.
Em última análise, essa visão limitada sobre o conhecimento não é apenas prejudicial para o sistema educacional, mas também para a sociedade como um todo. Ignorar a importância de um ensino diversificado e equilibrado, que valorize tanto as ciências exatas quanto as humanas, é um equívoco que reflete a falta de compreensão sobre o papel da educação em moldar não apenas profissionais, mas cidadãos conscientes e críticos.