O terror da dinâmica bolsonarista: um governo do caos e da desintegração

A configuração do governo bolsonarista, marcada por elementos típicos de regimes totalitários, tem gerado vítimas inesperadas, sem distinção entre aliados e inimigos. Em um regime onde todos são considerados potenciais inimigos, a dinâmica de criar um caos após o outro se torna uma técnica de poder. Essa estratégia de desestabilização constante é uma forma de governo que se assemelha ao terror, usando a normalização do absurdo como um mecanismo para manter o controle e criar um ciclo de perplexidade na sociedade. Cada nova crise, cada escândalo, empurra os limites da compreensão e desafia a capacidade de o público absorver a realidade de forma coerente.

A perda de ministros em momentos cruciais, como durante a pandemia, é um exemplo claro dessa técnica do caos. Em um país que já enfrentava uma das maiores crises de saúde pública de sua história, perder um ministro da Saúde poderia ser visto como um absurdo sem precedentes. Mas o que o governo bolsonarista nos mostrou é que o inimaginável pode sempre ser superado. Perder dois ministros, além do surrealismo de uma pandemia mal administrada, exemplifica o grau de desintegração e desresponsabilização alcançado por esse governo. No contexto de um regime de terror, o tempo parece dilatar-se, e o país se vê envelhecendo de forma acelerada, como se dois anos sob esse governo equivalessem a décadas de desgaste político e social.

O mais alarmante é que, quanto mais caos se cria, mais confortável o bolsonarismo parece ficar em seu poder. O terror não apenas não provoca a queda do líder, mas o fortalece. A indiferença às crises e a falta de qualquer comprometimento com um futuro democrático são alguns dos pilares desse regime. A perpetuação do caos, longe de ser uma fraqueza, é interpretada como uma tática para consolidar ainda mais a autoridade. Essa abordagem se sustenta na ideia de que, por mais fundo que o abismo se aprofunde, o líder permanecerá intocado, um reflexo de um regime que se alimenta da desintegração das estruturas de poder.

A falta de dignidade nas instituições brasileiras, como o Congresso, torna-se evidente a cada momento de inação diante dos abusos e da crescente ameaça à democracia. Ao permitir que a figura do “tirano” se fortaleça, as instituições se tornam cúmplices desse processo. O Congresso, em particular, falha em exercer seu papel fundamental como um contrapeso ao poder executivo, contribuindo para a manutenção de um estado de terror. Cada instante que se passa sem que haja uma ação clara para interromper esse ciclo é um reflexo do comprometimento da dignidade política do país. A demora em agir, em por um basta a essa ideologia que ameaça corroer as bases da democracia, é, em si, uma vitória do autoritarismo.

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