Tempos sombrios são aqueles contra os quais o pensamento se arrefece. A capacidade contemplativa, a “nous”, o espírito, precisam de certa tranquilidade para “ver”, precisam de mansidão, não exatamente do mundo, mas do ego pensante, para oferecer a retirada deste mundo e permitir um diálogo de nós conosco mesmos.
Em épocas de grande confusão, a marca social são os desafetos, os quais se apresentam na forma do medo, do ódio, da indignação, do desespero. Em meio ao império da pathos, perdemos a empatia e entramos na patologia. E doentes, pensamos mal.
O processo de cura do pensamento se dá pela libertação dos afetos. É preciso antes de tudo amar e perdoar os vilões por suas loucuras, numa atitude divina, para então pensar sobre eles, compreender seu fenômeno, ocupando então o lugar divino do pensamento.
É necessário se santificar para agir em luz, e isso significa simplesmente ter graça diante do mal para pensar a despeito de seu assombro.