Todos contra a violência

A principal arma para manter a violência como algo natural é roubar da sociedade a capacidade de identificar justamente o que é violência. A ética é essa capacidade de separar o certo do errado, de “perceber” os problemas da realidade objetiva.

Portanto, o avesso da ética pode ser resumido nesse traço da violência de impedir a diferenciação entre o certo e o errado. Vários relatos e vídeos de jovens desacordadas sendo estupradas por vários homens e não existe um único grande jornal que eu tenha lido até agora que não tenha posto o maldito “SUPOSTO estupro” antes da manchete.

Quando um jornal tem medo de ser taxativo ao reportar a violência que enxerga na sua frente, talvez com medo de receber processos de calúnia (?) como resposta, temos a prova do colapso ético da sociedade.

Este é um dos porquês da violência sexual ser reproduzida de forma tão natural. Duvido que algum jornalista escreveria “suposto assassinato” ou “suposto roubo” ao falar de alguém que foi morto ou que foi roubado.

Sim, vivemos numa sociedade violenta, mas não podemos dizer (ainda) que vivemos numa “cultura do roubo” ou numa “cultura do assassinato”. Vemos então que o estupro, diferente de outras violências, é “cultural” tão logo por causa desse medo de determinar o estupro como fato objetivo, não “suposto”, da realidade habitual de nossas vidas.

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