O orgulho LGBTQIA+ não é apenas uma afirmação de identidade, mas uma resistência diária aos sistemas que buscam silenciar e marginalizar a diversidade sexual e de gênero. Este movimento, de acordo com Foucault, é uma prática de si, onde o sujeito constrói sua própria moralidade frente à imposição de normas sociais externas.
A luta da comunidade LGBTQIA+ é, de fato, um ato de resistência que desafia as estruturas de opressão da sociedade hetero-cis-normativa. Enquanto o indivíduo heterossexual e cisgênero não se vê forçado a questionar sua identidade ou orientação, aqueles que pertencem a outras identidades de gênero e sexualidade se veem constantemente à margem, necessitando afirmar seu orgulho como um ato político de afirmação de si. O orgulho LGBTQIA+ não é apenas uma expressão de identidade, mas também uma postura crítica e desafiadora, uma postura de alteridade em relação a uma sociedade que historicamente tenta reduzir e reprimir essa diversidade.
Foucault, em “A História da Sexualidade”, descreve o conceito de “prática de si” como a maneira pela qual os indivíduos buscam e constroem sua própria identidade e moralidade, em contraste com a imposição de normas externas. Para a comunidade LGBTQIA+, esse processo de se afirmar como sujeito moral ocorre em um ambiente em que a sociedade tenta impor padrões rígidos de comportamento e identidade. Assim, a prática de si se torna uma forma de autossuficiência e autonomia, onde as pessoas definem e vivem suas identidades de maneira autêntica, sem se submeter às expectativas e normas heteronormativas.
Enquanto as pessoas cisgêneras e heterossexuais não sentem a necessidade de afirmar publicamente suas identidades, uma vez que estas são reconhecidas como “normais”, para as pessoas LGBTQIA+, o orgulho é uma forma de visibilidade necessária para resistir à invisibilidade e marginalização. A simples existência de pessoas LGBTQIA+ e sua recusa em se conformar aos papéis de gênero e sexualidade pré-determinados é, portanto, uma forma de resistência em si mesma. Isso se manifesta em ações cotidianas, como a expressão pública do orgulho, que visa confrontar e desafiar a ideologia que procura silenciar e excluir.
O orgulho LGBTQIA+ também se coloca como uma denúncia diária da discriminação e do preconceito que continuam a ser disseminados contra essa comunidade. Em um mundo onde ainda existe violência física, emocional e simbólica contra as pessoas LGBTQIA+, cada ato de orgulho se torna uma declaração de que essas pessoas têm o direito de viver suas vidas de maneira plena, sem medo de perseguição ou julgamento. E, para as pessoas heterossexuais que buscam afirmar seu “orgulho” de ser hetero ou cisgênero, isso não é apenas desnecessário, mas muitas vezes é uma manifestação de hostilidade e desdém, uma tentativa de deslegitimar as lutas LGBTQIA+ e perpetuar uma visão de mundo excludente.
Portanto, o orgulho LGBTQIA+ é uma prática de resistência e uma ferramenta poderosa para afirmar a existência e os direitos dessa comunidade, não apenas como uma forma de celebrar a identidade, mas também como um gesto de combate às estruturas de opressão que ainda pervadema sociedade. Isso se torna uma luta constante contra o preconceito e pela construção de um mundo mais inclusivo e respeitoso para todos.