A Urgente Necessidade de Resgatar a Participação Popular na Política

Em meio à corrupção e a alienação política, é essencial devolver ao cidadão o poder de escolher seu futuro e reerguer a democracia brasileira.

Embora as delações e as provas que expõem a corrupção sistêmica dos grandes políticos sejam necessárias e corretas, há uma sensação de impotência e fragilidade que paira sobre o cidadão e a democracia brasileira. Quando o destino da política e do governo fica a cargo da polícia e do judiciário, o papel do povo se torna secundário, diminuindo a participação popular e deixando a sensação de que o verdadeiro poder de escolha foi retirado das mãos dos cidadãos.

A urgência de retomar o direito de votar, neste momento conturbado, não se dá pela esperança em candidatos específicos, mas pela necessidade vital de resgatar o controle sobre o futuro do país. O ato de votar deve ser, no seu cerne, um direito e uma responsabilidade, pois é assim que a democracia se faz presente. No entanto, em tempos de escândalos midiáticos e golpes políticos, a alienação parece se aprofundar. O debate e a participação popular são substituídos por uma política distorcida, fazendo com que os cidadãos se tornem meros espectadores de seu próprio destino.

Esse é um legado histórico profundamente enraizado na história brasileira. A independência do Brasil e a proclamação da república foram conquistas que, em grande parte, não contaram com a participação direta do povo. O único período mais significativo de democracia, após a ditadura militar, foi o breve momento pós-regime, quando, apesar do clamor popular pelas “diretas já”, saímos da ditadura sem a conquista das eleições diretas.

Nosso primeiro presidente eleito foi Fernando Collor de Mello, e seu governo, marcado por escândalos de corrupção, acabou sendo impedido. Desde então, a população foi progressivamente afastada da vida política, manipulada por campanhas eleitorais sustentadas por práticas corruptas e uma classe política corporativa que, ao invés de ser substituída, se desloca de um cargo para outro, sem jamais garantir uma real renovação ou transparência.

É fundamental que a população se aproprie de sua história e entenda que a recuperação da democracia passa pela recuperação do poder de escolha. Em um momento de crise profunda em nossa frágil democracia, a reforma política torna-se uma necessidade urgente. A PEC que antecipa as eleições para 2017 pode ser o ponto de partida para essa transformação, onde, ao lado das reformas necessárias, o clamor por uma democracia mais genuína e participativa deve ressoar de forma renovada.

Que o movimento “Diretas Já”, que não obteve total êxito em 1984, ecoe novamente 36 anos depois, com a força renovada da exigência popular por um Brasil mais democrático e justo.

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