Como alguém pode algum dia achá-lo especial se você é de todo mundo?
Somos nós que determinamos nosso próprio valor. Quando Marx um dia falou sobre o materialismo dialético, por meio do qual o homem se determina ao determinar o meio, ele não falava apenas de trabalho e produção, mas também sobre relações sociais, e podemos tranquilamente estender isso da esfera pública para a privada.
Ao valorizarmos quem nos relacionamos, ao não descartarmos nossos amores, ou não rebaixá-los ao lugar de qualquer um, ao lugar de número, estamos nos colocando, por corolário, como não descartáveis, como alguém.
Somente quando tornamos o outro alguém é que assim podemos ser, pois, a autovalorização é fruto da valorização que pomos sobre o outro através de atitudes valorativas. Já a pura lascívia, que é o lugar de ninguém, é o lugar da não-alma, é o objeto que nos tornamos por agirmos nos sujeitando à extrema objetificação que endossamos no outro.
Se o espaço do ninguém é o lugar que você produz ao seu redor, ninguém você está fadado a ser. A questão é: é isso que você deseja para si mesmo?