O valor de uma pessoa não é dado apenas por aquilo que ela faz, mas pela forma como ela se relaciona com os outros e consigo mesma.
A questão central da valorização pessoal reside na maneira como nos posicionamos no mundo, no contexto das nossas relações. Se nos submetemos a ser tratados como “qualquer um”, sem exigirmos respeito ou consideração, estamos implicitamente nos desvalorizando. Como alguém pode ser considerado especial se se coloca à disposição de todos, sem se preocupar em ser alguém único e irrepetível aos olhos dos outros? A especialidade de um indivíduo começa em sua capacidade de se valorizar e de se colocar como sendo, de fato, valioso.
A filosofia marxista, ao tratar do materialismo dialético, expõe como o homem se determina a partir das suas condições materiais e das relações sociais. Esse conceito pode ser estendido para o plano das relações afetivas e pessoais. Quando escolhemos com quem nos relacionamos e, mais importante, como nos relacionamos, estamos definindo nossa própria identidade. Se somos capazes de valorizar genuinamente aqueles que amamos, sem reduzir essas pessoas a objetos ou meras cifras em nossa vida, estamos também nos colocando como seres dignos de respeito e carinho.
A verdadeira autovalorização não vem da busca constante por aprovação ou status, mas sim da qualidade das relações que cultivamos. Quando transformamos o outro em “alguém”, em uma pessoa de valor em nossa vida, nos posicionamos como merecedores da mesma consideração. No entanto, quando reduzimos o outro a um objeto de desejo, a um número, estamos nos distanciando do sentido profundo da conexão humana e nos sujeitando à desvalorização mútua.
A pergunta fundamental que se coloca é: você quer ser alguém que vive cercado pela superficialidade e pela objetificação, ou deseja construir relações que tragam significado e respeito? O “ninguém” é o espaço onde se perde a essência, onde a alma fica submersa em relações vazias. A escolha está em nossas mãos: queremos ser vistos como seres especiais ou preferimos continuar sendo apenas mais um na multidão?