Não há homem sem paixão. O homem é um ser que se faz sujeito com o outro. É no contato com o mundo e com os outros homens que ele se faz homem.
Para entendermos isso podemos retomar a divisão da filosofia clássica sobre as três qualidades das atividades humanas. Segundo esse divisão (aristotélica) temos a Ethos, o Logos e a Pathos. A Ethos é a virtude, a moral, a bondade da ação; o logos é a retidão, a coerência, a racionalidade pura; e a pathos é o afeto, a relação emotiva entre o sujeito e o objeto intermediada pela ação. Entre as três, entretanto, apenas a Pathos move o homem.
É por ela que sujeito e objeto trocam de lugar e permitem a dialética da vida, a troca entre Eu e Outro, que constroem Outro e Eu. O afeto determina, portanto, a nossa extensão no mundo, nossa própria imagem impregnada nos objetos que sentimos.
A Paixão, em outras palavras, dá sentido aos sentidos. Faz de nós seres de fato, não apenas hipoteticamente. Eu sempre levo comigo que a plenitude do ser se dá na paixão. Por isso, amo com todas as minhas forças, pois assim me movo, existo e me reconheço.