A humanidade tem sido acompanhada por uma hipótese muita mal defendida de que o homem tem desejo pela verdade. Parte-se do pressuposto de que todos preferem a verdade à mentira, principalmente quando se trata de questões importantes da vida pública.
Não consigo vislumbrar mentira maior do que essa. A vontade de mentira é muito mais imperiosa. Os homens têm completo poder sobre a mentira, enquanto diante da verdade estão sempre desarmados.
Foucault um pouco antes de morrer defendia que a verdade é constituída por profunda coragem porque sempre vem do lugar da alteridade, sempre vem de fora e sempre assume os contornos da exclusão.
Maldito aquele que traz consigo a verdade. Este não será amado por ninguém. É fato que “a verdade liberta o homem”, como certa vez disse Jesus de Nazaré no Monte das Oliveiras (João:8). Mas quem disse que os homens querem ser livres?
Os homens querem o conforto de si mesmos e de seus iguais, nunca a alteridade, nunca o diferente, e portanto nunca a liberdade.
Os homens querem estar certos, mas como Sócrates uma vez defendeu, mesmo que acidentalmente, a verdade só faz mostrar que estamos sempre errados. E é dessa posição inescapável que a verdade sempre foi o inimigo comum de todos os homens.