Em um mundo onde as evidências frequentemente se misturam com as interpretações pessoais, a palavra “conspiração” se torna uma espécie de bloqueio mental que apaga qualquer suspeita legítima e desqualifica teorias que, por mais desconfortáveis que sejam, podem se aproximar de uma realidade encoberta.
A simples menção de uma conspiração tem o poder de invalidar qualquer hipótese que responsabilize diretamente indivíduos ou instituições, mesmo que essa responsabilização se baseie em fatos palpáveis ou em uma linha lógica de raciocínio. Quando alguém levanta a hipótese de que algo ocorreu devido a uma conspiração, como, por exemplo, a morte do ministro Teori Zavascki, logo surgem os questionamentos: “Você tem provas de que foi assassinato?”. A resposta é óbvia: não, não temos provas concretas. Mas negar que haja margem para suspeitas, ou tentar silenciar uma desconfiança legítima com o uso da palavra “conspiração”, é, no mínimo, um exercício de desconsideração pela lógica e pelo contexto.
Essa reação de bloquear qualquer possibilidade de questionamento com a palavra “conspiração” não tem a ver com a busca por uma verdade mais fácil ou confortável. Ao contrário, trata-se da maneira como certas narrativas se encaixam perfeitamente na realidade e começam a parecer mais plausíveis do que as versões oficiais ou convencionais, muitas vezes acompanhadas de tentativas de manipulação e ocultação de fatos. O simples fato de algo parecer lógico ou de se encaixar de forma coerente não é suficiente para invalidá-lo; isso é uma característica fundamental da verdade.
A mentira, por outro lado, exige muito mais esforço para ser sustentada. Mentir não é apenas uma questão de distorcer a realidade; é preciso ocultar, manipular e omitir informações para que a falsidade se mantenha em pé. Portanto, quando se confronta um mentiroso, basta pedir que ele continue falando mais sobre o que aconteceu, e ele, inevitavelmente, se contradirá ou revelará detalhes imprecisos. A mentira tem pernas curtas. A verdade, por sua vez, resiste com o peso dos fatos e se reafirma continuamente, a menos que seja explicitamente contradita por evidências irrefutáveis.
O que a sociedade precisa compreender é que, ao silenciar suspeitas e teorias com o rótulo de “conspiração”, muitas vezes se está dificultando o exercício saudável de questionamento e reflexão crítica. Isso não significa abraçar qualquer hipótese sem provas, mas sim reconhecer que a busca por respostas deve ser livre de bloqueios e julgamentos precipitados. Ignorar ou ridicularizar a dúvida em relação a eventos que envolvem grandes interesses e figuras poderosas não só enfraquece a confiança nas instituições, mas também impede que a verdade seja plenamente revelada.