O que aprendemos com Lucas Penteado?

Reflexões sobre representatividade, saúde mental e os desafios enfrentados por pessoas negras no Brasil.

Ao observarmos o Big Brother Brasil (BBB), muitos questionam o valor real que um programa como esse pode trazer para a sociedade. Porém, ao olhar mais de perto para a participação de Lucas Penteado, fica claro que foi ele, e não o programa, quem nos proporcionou lições profundas sobre questões sociais, raciais e de saúde mental.

O programa tentou, sem sucesso, manipular a narrativa de importantes lutas sociais, como o combate ao racismo, à LGBTfobia e o machismo. A abordagem da Globo/BBB sobre essas temáticas, ao tentar hierarquizar as opressões e distorcer a militância, não convenceu a maioria do público. No entanto, essa falha gerou uma reflexão necessária sobre a verdadeira representatividade e as incoerências de algumas posturas militantes.

Lucas Penteado nos ensinou que ser uma “representatividade” não é apenas sobre ser negro, mas sobre ter um compromisso político com as pautas que envolvem as populações marginalizadas. A verdadeira representatividade exige coerência entre palavras e ações, e essa reflexão sobre a responsabilidade dos indivíduos em relação às suas escolhas e posicionamentos é vital para que possamos construir uma sociedade mais justa.

Ele também expôs a realidade cruel de como as pessoas negras, quando erram, são severamente punidas e estigmatizadas, muitas vezes sendo rotuladas e punidas com uma violência que perdura mesmo quando se arrependem. Esse processo de desumanização, fruto do racismo estrutural, torna as vítimas ainda mais vulneráveis ao auto-ódio e à repressão. Ao fazer isso, Penteado nos trouxe à tona a importância de refletirmos sobre nossas próprias atitudes em relação ao racismo e como muitas vezes as vítimas são revitimizadas, até dentro de suas próprias comunidades.

A lição de que “nem todo negro ou negra é obrigado a ser a voz de todos os negros” também é fundamental. A pressão sobre as pessoas negras para representarem toda uma coletividade é uma falácia. Assim como uma pessoa branca não é obrigada a falar por todos os brancos, a luta por representatividade deve ser uma escolha individual, com base na consciência política e na coerência entre palavras e ações.

Lucas também destacou como, muitas vezes, aqueles que deveriam ser nossos aliados acabam se rendendo às vantagens pessoais que o sistema de opressão oferece. Ele trouxe à tona a triste realidade de como a violência psicológica e as atitudes tóxicas de alguns participantes do programa podem desestabilizar a saúde mental das vítimas e dos próprios algozes, que muitas vezes repetem padrões de comportamento adoecidos por racismo e outras formas de preconceito.

Além disso, a participação de Penteado revelou a necessidade urgente de se discutir a saúde mental, não apenas das vítimas do racismo, mas também dos opressores e daqueles que permanecem omissos diante da injustiça. O programa nos fez refletir sobre os muitos tipos de racismo que ainda são presentes em nossa sociedade, como o institucional, o religioso, o cultural e o de classe, e como esses preconceitos afetam a vida de pessoas negras, especialmente as mais vulneráveis, como as da periferia e LGBT.

Por fim, Lucas Penteado nos ensinou, com sua coragem e postura, que é necessário se afastar de ambientes tóxicos e se posicionar contra qualquer injustiça. Ele nos mostrou que, acima de tudo, a vida de cada pessoa é preciosa e que ninguém deve passar por experiências que desumanizam ou destroem sua dignidade.

Lucas, sua participação foi um grande aprendizado para todos nós. Sua luta é a nossa luta, e a sua trajetória, uma verdadeira inspiração. Gratidão pelos ensinamentos e pela força que você nos transmitiu. Força e Axé!

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