O Brasil é um país marcado por desigualdades, mas também por uma imensa capacidade de se comover diante das injustiças. O que aconteceu com Lucas Penteado no Big Brother Brasil 21 expõe os limites da agressividade e da falta de empatia, além de nos lembrar do quanto nossas atitudes, muitas vezes, podem contribuir para a pressão psicológica sobre os outros. É um convite a refletirmos sobre o impacto de nossas palavras e atitudes em tempos onde a liberdade de ser quem somos deveria ser um direito básico.

Lucas Penteado, um dos participantes mais marcantes do Big Brother Brasil 21, decidiu abandonar o programa após ser alvo de ataques e críticas, principalmente após a repercussão do seu beijo em Gilberto Nogueira, que se tornou o primeiro beijo gay da história do reality.
Após se declarar bissexual, Lucas foi questionado de forma cruel por outros participantes, que sugeriram que o ato era uma estratégia para conquistar o público LGBTQIA+. A pressão psicológica foi imensa, e o ator, visivelmente abalado, tomou a decisão de deixar o programa, abrindo um espaço para reflexões sobre o que de fato está em jogo quando pessoas se tornam figuras públicas e o quanto o peso da exposição pode ser insuportável.
A reação do público, no entanto, foi surpreendente e reveladora. Em apenas quatro horas, uma vaquinha online criada para ajudar Lucas a realizar o sonho de comprar uma casa para sua mãe arrecadou R$ 45 mil. A meta, porém, era maior: os fãs queriam que ele recebesse o valor do prêmio que ele perdeu ao abandonar o programa, cerca de R$ 1,5 milhão. A comoção foi tanta que o site da vaquinha ficou congestionado, e o apoio de influenciadores digitais, artistas e jornalistas se multiplicou rapidamente.
Esse movimento de solidariedade é, sem dúvida, um reflexo da empatia que as pessoas têm pelo sofrimento de Lucas, mas também um reflexo da indignação perante as agressões que ele sofreu. O apoio a Lucas Penteado foi uma reação imediata e, ao mesmo tempo, um manifesto contra o preconceito e a opressão. O que parecia ser uma experiência de autodescoberta e um marco para a comunidade LGBTQIA+ se transformou em um pesadelo para ele, algo que muitos acreditam que foi intensificado pela pressão de uma sociedade que ainda não está pronta para aceitar todas as formas de amor e identidade.
Por outro lado, esse episódio também nos convida a uma reflexão sobre o papel das redes sociais e da exposição pública. Se, por um lado, elas podem ser uma plataforma para a divulgação de causas importantes e um veículo de apoio, por outro, elas também podem se tornar arenas onde o julgamento alheio é implacável. O que aconteceu com Lucas Penteado não é um caso isolado. Quantas vezes não vemos pessoas sendo destruídas por ataques virtuais, por serem quem são, por se expressarem de forma autêntica?
A solidariedade demonstrada por seus fãs foi um lembrete de que, em tempos difíceis, a empatia e o apoio mútuo podem ser forças transformadoras. No entanto, também nos deixa uma lição amarga sobre o quanto ainda precisamos evoluir como sociedade para que a liberdade de ser e amar sem medo seja uma realidade para todos, especialmente para aqueles que têm coragem de quebrar estigmas e barreiras. O episódio de Lucas Penteado nos faz questionar se estamos realmente preparados para aceitar o outro em sua totalidade, sem julgamentos, sem discriminação e sem violência.
Que a trajetória de Lucas, marcada pela dor e pelo apoio coletivo, seja um ponto de partida para discussões mais profundas sobre o que significa viver em um país onde ser quem somos, sem medo de represálias, deveria ser uma conquista diária e não uma batalha constante.