O Legado do Bolsonarismo: Uma História Traumatizante para o Brasil

O Brasil vive, há mais de dois anos, um capítulo sombrio de sua história política, cujas consequências reverberam em todas as esferas sociais.

O Bolsonarismo, como fenômeno político e ideológico, é um episódio que precisa ser investigado profundamente, não apenas pelos seus impactos imediatos, mas pelo legado traumático que deixou no tecido cultural e político do Brasil. A partir de uma perspectiva histórica, podemos perceber que símbolos que antes eram símbolos de união, como a seleção brasileira de futebol e até mesmo a bandeira nacional, tornaram-se profundamente polarizados e associados a um discurso de exclusão e autoritarismo. A mesma transformação se aplica a figuras públicas, como jornalistas e apresentadores de televisão, que foram amplamente respeitados por décadas, mas que agora são lembrados, muitas vezes após sua morte, por seu apoio irrestrito a um dos maiores genocidas da história do país.

Esse é o preço do esquecimento e da falta de responsabilização. O Bolsonarismo não é um fenômeno que se limita à figura de Bolsonaro; ele tem raízes profundas que se estendem para além do atual governo e, infelizmente, persistirão após sua saída do poder. O que precisamos entender é que Bolsonaro é apenas um reflexo de uma realidade muito mais complexa e perniciosa, que já estava presente antes de sua ascensão e continuará a existir em várias formas depois dele.

O Bolsonarismo é uma ideologia que não se limita a uma liderança carismática ou a um conjunto de ideias inovadoras, mas sim a uma série de atitudes e posturas que podem ser descritas como anti-política, anti-sistema e essencialmente autoritárias. Não há espaço para alianças, ponderações ou trabalho em equipe. A lógica de governança é predatória e excludente, em que a sobrevivência e o sucesso são alcançados à custa do sofrimento de outros. Esse é o cenário que temos vivido: um Brasil governado por uma figura estereotipada de vilão, sustentado por uma base de apoio igualmente distorcida e estereotipada.

Em meio a isso, a elite brasileira, longe de ser uma força progressista ou democrática, é cúmplice de uma mentalidade sádica que pouco se importa com o sofrimento de seus compatriotas. São grupos que operam com uma lógica predatória, buscando o lucro imediato sem consideração pelo bem-estar da maioria da população. A história do Brasil está cheia de exemplos de elites que priorizaram seus próprios interesses, como na época da escravidão, quando a abolição foi vivida como uma perda para aqueles que se beneficiavam do sofrimento de outros. E assim, o país segue sendo governado por uma elite que, em sua maioria, permanece alheia ao sofrimento do povo.

No entanto, o que o Bolsonarismo nos ensina é que o Brasil é, de fato, uma distopia. Para as classes privilegiadas, a vida pode até ser confortável, mas para o restante da população, é um jogo de sobrevivência. Este é um país governado por um vilão, sustentado por um sistema corrupto e manipulado por aqueles que têm poder para definir os rumos da política nacional. O Brasil nunca completou sua transição para a democracia, e, como uma lição histórica, todos os governos anteriores que não se posicionaram contra o golpe militar de 1964, por medo de represálias, mostraram que a coerção do poder nunca cessou.

Portanto, é hora de abandonar as ilusões e reconhecer que não há espaço para negociações ou pactos com o status quo. As instituições que protegeram Bolsonaro e minimizaram os crimes de seu governo não têm o comprometimento necessário para garantir o bem-estar da população. Se tivessem, não teriam apoiado o atual governo, não teriam avançado contra estudantes e não teriam se envolvido em práticas de repressão política.

O Bolsonarismo não é apenas um fenômeno de governo, mas uma mentalidade que permeia diversos setores da sociedade e que precisa ser nomeada e julgada. A história do Brasil precisa ser escrita com clareza, sem omissões, e os crimes cometidos por aqueles que endossaram ou que continuam a endossar esse regime devem ser responsabilizados. Só assim poderemos, verdadeiramente, construir um Brasil que respeite a vida e os direitos de todos os seus cidadãos.

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