A cegueira política e a relativização da moralidade: a cegueira ideológica no apoio a Bolsonaro

Como o apoio cego a um líder pode distorcer a moralidade e a ética, justificando práticas políticas condenáveis.

A política brasileira se tornou um campo fértil para polarização e extremismos, e muitos eleitores parecem estar dispostos a defender o indefensável, até mesmo quando as ações dos políticos vão contra valores fundamentais de moralidade e ética. O caso de Bolsonaro e seus apoiadores é um exemplo claro dessa dinâmica, onde a cegueira ideológica prevalece sobre a capacidade crítica e a análise racional.

Os eleitores do presidente Jair Bolsonaro, em muitos casos, parecem ser capazes de justificar qualquer ato de seu líder, por mais absurdo ou imoral que seja. O exemplo de uma situação hipotética em que Bolsonaro cometesse um crime grave, como matar a própria mãe, e fosse absolvido, só para ser comemorado como uma “vitória”, ilustra como a lógica política se distorce em nome do culto à figura de um líder. Não se trata mais de avaliar as ações de Bolsonaro com base na moralidade ou legalidade, mas sim de celebrar qualquer vitória percebida como um ataque aos opositores, especialmente àqueles que defendem uma ideologia política oposta.

Esse tipo de comportamento, onde qualquer crítica é respondida com a justificativa de que “se fosse o PT seria pior”, não é apenas um reflexo de um fervor ideológico, mas uma verdadeira relativização da moralidade e da justiça. O que antes seria impensável, como a compra de votos no Congresso ou a escolha de políticos com históricos questionáveis, passou a ser encarado como parte do jogo político, como se as normas e valores que sustentam a democracia e o Estado de direito fossem apenas detalhes secundários.

A visão de que “se não for assim, nenhum presidente governa” revela o quanto a ética e a integridade podem ser sacrificadas em nome de uma suposta governabilidade, mas também denuncia a hipocrisia de quem defende essa prática ao ignorar as promessas de mudança feitas por Bolsonaro durante sua campanha eleitoral.

Bolsonaro foi eleito justamente criticando as práticas de corrupção e o fisiologismo político que marcaram o governo de seus antecessores. A promessa de um governo “diferente”, sem a velha política, sem o “toma lá, dá cá”, foi um dos pilares de sua candidatura.

No entanto, o que se observa na prática é uma repetição das mesmas práticas que ele prometeu combater. A compra de apoio do centrão, um grupo de políticos que tradicionalmente se alinha ao governo em troca de benesses, e a eleição de figuras de moral duvidosa, como o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, apenas comprovam que a mudança prometida é, na realidade, uma grande falácia.

O problema não está apenas na conduta do governo, mas na maneira como seus eleitores defendem essa conduta, muitas vezes de forma fanática e irracional. Ao invés de exigir a ética prometida, eles se apegam a uma lógica de “tudo vale para derrotar o inimigo”, colocando os valores e princípios em segundo plano. Nesse cenário, a política se transforma em uma guerra de “nós contra eles”, onde qualquer ação que enfraqueça o adversário é vista como legítima, independentemente das consequências.

O apoio incondicional a Bolsonaro, mesmo diante de práticas questionáveis, é um reflexo da profunda polarização que atravessa a sociedade brasileira. Nesse contexto, a busca pela verdade e pela justiça parece ter sido ofuscada pela cegueira ideológica e pela crença de que “qualquer coisa é melhor que o PT”, um raciocínio que, ao ignorar os erros do próprio governo, acaba justificando a perpetuação de um ciclo de corrupção, impunidade e irresponsabilidade. A verdadeira “vitória” deveria ser a de um Brasil mais justo, mais ético e mais democrático, onde a moralidade não fosse relativizada em nome de uma vitória política.

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