A decisão política por trás da crise sanitária: um olhar crítico sobre as escolhas governamentais

As escolhas feitas por autoridades públicas em momentos de crise sanitária têm um caráter eminentemente político, e não técnico. O que está em jogo são decisões que envolvem interesses, prioridades e, em última instância, vidas humanas. A crise do Coronavírus revela a negligência de decisões que não levam em conta a gravidade da situação e a urgência de medidas adequadas para salvar vidas.

Quando autoridades públicas optam por seguir ou não as recomendações científicas em momentos de crise sanitária, como no caso da pandemia de Covid-19, elas não estão tomando decisões baseadas em aspectos técnicos, mas sim políticas. A decisão de impor ou não quarentenas, de adiar ou acelerar as medidas de isolamento social, de priorizar a economia ou a saúde pública envolve interesses diversos que vão muito além de questões de saúde pública.

Essas escolhas políticas impactam diretamente a vida das pessoas, já que definir quem vai viver e quem vai morrer, quando, como e em que condições, são decisões que se sobrepõem ao campo técnico da medicina. A sobrecarga do sistema de saúde, o cuidado com os profissionais da saúde e a proteção das populações mais vulneráveis à doença são, em última instância, uma questão de prioridades e escolhas políticas. Ou seja, a vida humana se torna um ponto de disputa em um jogo de interesses políticos, muitas vezes em detrimento da saúde e do bem-estar coletivo.

Embora os dados oficiais do governo indiquem números sobre a propagação do vírus, a realidade nos hospitais é bem diferente. Médicos e profissionais de saúde sabem que a situação do coronavírus é muito mais grave do que os números sugerem. Os hospitais estão lotados, enfrentando uma quantidade sem precedentes de pacientes com sintomas respiratórios. O governo pode alegar que a crise do coronavírus está sendo controlada, mas a realidade nos hospitais, especialmente nas capitais, é de um surto em estágio inicial, com números de casos muito mais elevados do que os registrados oficialmente.

Os dados oficiais, por sua vez, são subestimados, principalmente porque não realizamos testes suficientes em toda a população. Embora a maioria dos casos de coronavírus não exija testes para tratamento, é imprescindível entender que a ausência de testagem completa mascara a verdadeira dimensão da pandemia. Sem um sistema de testagem em massa, a verdadeira extensão da propagação do vírus nunca será plenamente conhecida. O sistema de saúde se vê sobrecarregado, com pacientes aguardando por semanas para ter uma confirmação diagnóstica, e os casos graves sendo cada vez mais frequentes, como as intubações em pessoas com quadros atípicos de pneumonias intersticiais.

Diante dessa realidade, as decisões tomadas pelo governo se mostram desastrosas. A falta de uma quarentena geral, com medidas rígidas de distanciamento social, demonstra a negligência de um governo que minimiza os efeitos da pandemia, colocando a economia à frente da saúde pública. A ideia de que a economia deve ser preservada a qualquer custo, mesmo que isso signifique mais mortes, é uma decisão necropolítica, como a descrevem alguns especialistas. Em outras palavras, trata-se de uma escolha deliberada de permitir a morte de milhares de brasileiros em nome de uma falsa “preservação” econômica.

Este é o momento em que o governo deveria tomar decisões audaciosas e de proteção, como o fechamento de fronteiras, a suspensão das cobranças de serviços essenciais como água, luz e gás, e a adoção de medidas de apoio econômico para os mais vulneráveis. Devem ser implementadas políticas públicas que garantam a sobrevivência das famílias e o sustento dos trabalhadores autônomos e pequenos empresários. Porém, nada disso parece estar sendo feito no Brasil de forma significativa, e, em vez disso, o governo minimiza a crise, tratando-a como uma “histeria”, o que só aumenta a tragédia.

Neste contexto, é impossível ignorar as palavras de um dos principais responsáveis pela crise política atual, o presidente do Brasil, que, em um momento de sua carreira, sugeriu que um golpe militar seria necessário para “matar uns 30 mil” e que “tudo bem se morressem alguns inocentes”. Essa visão genocida, que sacrifica vidas humanas em nome de uma política de preservação da ordem econômica, é uma verdadeira afronta à dignidade humana e aos princípios básicos de uma sociedade democrática.

Portanto, as decisões que estão sendo tomadas não são apenas equivocadas do ponto de vista técnico, mas criminosas do ponto de vista moral e ético. A gestão da crise sanitária, ao ignorar as recomendações científicas, transformou-se em uma política de abandono da vida humana. Esse é o momento de uma verdadeira ação governamental em defesa da vida, e não da morte. É urgente que medidas mais eficazes e humanitárias sejam adotadas para garantir que, ao invés de um genocídio, possamos combater a pandemia com a responsabilidade que ela exige.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.