Um pouco atrasado, mas ontem foi o dia da visibilidade trans, uma data que certamente deveria ter tido mais atenção pelos movimentos sociais em tempos de ascensão do fundamentalismo religioso transfóbico na política, quando a pecha da “ideologia de gênero” se tornou o mantra para violentar ainda mais pessoas trans, sobretudo as crianças trans.
Fato é que as pessoas trans existem e seus corpos se manifestam já na infância independente do processo repressivo de gênero sistematicamente imposto sobre todos. E são justamente as crianças trans que precisam ser protegidas da sanha dos fundamentalistas que querem a todo custo eliminá-las, forçando-as a serem o que não são por meio de múltiplos processos de violência (inclusive incitando outras crianças a agredi-las), para garantir o status quo de sua posição cisgênera.
O mantra da “ideologia de gênero” é a reação ao combate à violência contra pessoas trans. É a síntese de “sim, vamos continuar agredindo vocês, negando seus direitos, expulsando da escola e do mercado de trabalho e reduzindo sua expectativa de vida para 30 anos”. Que a visibilidade trans sirva para lembrarmos que essas crianças existem e que merecem proteção da sociedade e do Estado, não a negação de seus direitos e de sua existência, que é a violência mais radical que há.