A visibilidade trans e a luta contra a violência transfóbica

Reflexões sobre a importância da visibilidade trans em tempos de fundamentalismo religioso e o direito à proteção das crianças trans.

Embora um pouco atrasado, ontem foi o dia da visibilidade trans, uma data fundamental que deveria ter recebido mais atenção pelos movimentos sociais, especialmente em tempos em que o fundamentalismo religioso transfóbico tem ganhado força na política. Nos últimos anos, a pecha da “ideologia de gênero” se tornou um mantra utilizado para justificar a violência contra pessoas trans, com destaque para as crianças trans, que têm sido alvo de ataques constantes.

É importante entender que as pessoas trans existem, e seus corpos se manifestam desde a infância, independentemente das tentativas de repressão sistemática dos papéis de gênero que são impostos pela sociedade. As crianças trans, que são a face mais vulnerável dessa luta, precisam ser protegidas da violência perpetrada por aqueles que, em nome de uma visão fundamentalista e retrógrada, querem eliminá-las, forçando-as a se conformar com um gênero que não é o seu. O uso da violência, inclusive com o incentivo à agressão por outras crianças, é uma das formas mais cruéis de manter o status quo cisgênero.

O conceito de “ideologia de gênero” é, na realidade, uma reação ao combate à violência contra as pessoas trans. Esse mantra não passa de uma justificativa para continuar negando os direitos de pessoas trans, expulsá-las das escolas, barrar sua inclusão no mercado de trabalho e, em última instância, reduzir drasticamente suas expectativas de vida. Ao invés de se preocupar com a violência que essas pessoas sofrem, o que se tem é uma movimentação para garantir que essa violência continue e se intensifique.

A visibilidade trans, por sua vez, é uma ferramenta de resistência contra a marginalização e a negação de direitos. Ela deve servir para lembrar a sociedade de que as crianças trans existem e merecem ser protegidas. O Estado e a sociedade devem garantir sua segurança, em vez de permitir que sua existência seja negada. A violência mais radical que uma pessoa trans pode sofrer é justamente essa: a negação de sua identidade e de sua humanidade, o que se traduz em um silenciamento forçado e na violação de seus direitos fundamentais.

Neste dia da visibilidade trans, é crucial que todos nós reafirmemos o compromisso de defender essas vidas e suas histórias, que merecem ser vividas sem o peso da exclusão, do preconceito e da violência. Defender a visibilidade trans é lutar por um mundo mais justo e igualitário, onde todas as crianças, independentemente de sua identidade de gênero, possam crescer em um ambiente de acolhimento e respeito.

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